terça-feira, 31 de julho de 2012

Os chineses gostam de Catrogas

A Fundação EDP contratou para a sua secção de arte uma nova funcionária que por acaso é sobrinha-neta de Eduardo Catroga, presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP. Diz o jornal Público que a nomeação está a causar desconforto entre sectores do grupo EDP que não poupam Catroga nem o administrador executivo da fundação que tem sido também o seu rosto público, o ex-jornalista Sérgio Figueiredo. Claro que os pentelhistas do costume vão falar de escândalo, de falta de vergonha na cara, vão cair em cima do velho, que por acaso até está de férias na China. Vão querer saber se a família é numerosa. Mas o coitado do tio-avô tem lá culpa que os chineses gostem de Catrogas?

Morte no parque

Foto Hernâni Von Doellinger

A Suíça será nossa

Portugal está a invadir a Suíça. Para que os suíços não dêem fé, invadimos a prestações: mandamos mil portugueses por mês, como quem não quer a coisa. Dentro de 833 anos estaremos todos lá.

Queixinhas!

Quarenta e dois por cento dos portugueses dizem que já não têm dinheiro para pagar as despesas de saúde. Queixinhas!

sábado, 28 de julho de 2012

Mourinho, o fair-player

Uma equipa do Real Madrid vinha jogar à Luz. José Mourinho avisou que não trazia nenhum defesa titular, o que até ia "ser bom para o Benfica ganhar moral". E sorriu. Isto foi antes.
Depois a equipa do Real Madrid enfardou 5-2. E Mourinho disse, parece que sem se rir: "Não fiquei com impressão nenhuma do Benfica, não estava atento"; "Viemos aqui porque havia um contrato para cumprir"; "Sabíamos que se não viéssemos perdíamos dinheiro"; "Nos treinos não há derrotas pesadas"; "Dos 19 títulos que conquistei, nenhum foi na pré-época".
José Mário dos Santos Mourinho Félix disse alguma mentira? Sei lá. Mas não é uma simpatia?

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Florbela Espanca, vende-se

Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinteressada delas. Eu sou ao contrário: o tempo passa e a afeição vai crescendo, morrendo apenas quando a ingratidão e a maldade a fizerem morrer.
Florbela Espanca

Florbela Espanca nasceu a 8 de Dezembro de 1894, em Vila Viçosa, e morreu a 8 de Dezembro de 1930, em Matosinhos. Tinha 36 anos. A casa onde a poetisa viveu, trabalhou e morreu, na matosinhense Rua 1.º de Dezembro, está à venda.

Foto Hernâni Von Doellinger

Muitíssimos parabenzíssimos

                                                                                      Foto Hernâni Von Doellinger
                                                                                     Foto Hernâni Von Doellinger
                                                                                    Foto Hernâni Von Doellinger
                                                                                     Foto Hernâni Von Doellinger

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Bicicleta com farol

                                                       Foto Hernâni Von Doellinger

Genro de Cavaco ganha Pavilhão Atlântico

O genro de Cavaco Silva ganhou o concurso para a compra do Pavilhão Atlântico, por 21,2 milhões de euros. Notícias de há uma semana indicavam que Luís Montez teria mais de uma dezena de processos pendentes em tribunal, por dívidas de várias centenas de milhares de euros. E a sua empresa, Música no Coração, estaria marcada com os carimbos de "risco comercial elevado" e "crédito não recomendado".

De filhos da puta não estamos nada mal servidos

O Governo vai criar uma lista negra de caloteiros onde pretende exibir e humilhar os pobres que devem mais de 75 euros de luz ou gás. Havia um presidente de câmara do PSD que devia 7,5 milhões de euros da conta da água. O Governo pegou nele e fê-lo administrador da empresa Águas de Portugal. Realmente: de filhos da puta não estamos nada mal servidos.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Foi entregar a casa ao banco

Foto Hernâni Von Doellinger

A propósito:
Não há dinheiro, não há casa. Cerca de 3.300 imóveis foram entregues aos bancos em dação em pagamento por famílias e por promotores imobiliários no primeiro semestre deste ano, o que corresponde a uma média de 18 casas por dia, segundo estimativas recentemente divulgadas. Este número significa um crescimento de 8,9 por cento face a igual período do ano passado.
O primeiro-ministro tem toda a razão: não é o Governo que está a "exigir de mais" ao País; o tempo é que "é muito exigente". Por falar nisso, o Instituto de Meteorologia prevê para hoje céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se temporariamente muito nublado e com neblina ou nevoeiro nas regiões do litoral até ao meio ou final da manhã. Durante a tarde, aumento temporário de nebulosidade com condições favoráveis à ocorrência de aguaceiros e trovoada. Vento fraco (inferior a 15 km/h), soprando temporariamente de noroeste na faixa costeira ocidental durante a tarde. Pequena descida da temperatura máxima.
Agosto à perna e o Borda D'Água recomenda a sementeira, em local definitivo, do agrião, espinafre, feijão, nabo, rabanete, repolho de Inverno e salsa. Em canteiro, semear acelga, alface e couve-nabo. Cavar e sachar o milheiral e as hortaliças, e regar bem, antes das sementeiras e das transplantações. Mondar os arrozais. No jardim, regar as plantas com bastante frequência. Mudar as cinerárias e amores-perfeitos; colheita matinal de rosas e flores. É o tempo, senhores. O tempo.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Mentes que bilham


"Mentes que Bilham" dá no Porto Canal às quartas, quintas, sábados e domingos. Hoje não posso, mas um destes dias tenho mesmo de ver. O nome do programa intriga-me.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Na próxima, "O Bitó tinha uma gaita"

Quim Barreiros cantava, agarrado ao seu acordeão. Era a história simples, exemplar, da mulher que entrou no comboio sem bilhete nem dinheiro e que teve que ir "dar ao apito" com o revisor, para se safar da multa. Enquanto o Quim cantava, e como não havia universitários bêbados nas redondezas, alguém pôs um grupo de crianças a fazer um comboiinho que passava e repassava em fundo. Eram crianças de infantário, de creche, de jardim-de-infância, de pré-primária, não sei como é que se diz agora. Pequeninas. E serviam de cenário e figurantes à cantiga do Quim, "pó, pó, pó, o cumboio vai andar, pó, pó, pó, e vai sempre a apitar, pó, pó, pó, eu já lhe tinha dito que para andar no cumboio tinha que dar ao apito".
Foi fez ontem oito dias, na Curia. Deu na televisão em directo, para o País e mundo inteiro. Foi no programa Verão Total, da manhã da RTP1, com Sónia Araújo e Jorge Gabriel. Foi fez ontem oito dias e parece que só eu é que vi. Se calhar as audiências andavam certas.

domingo, 22 de julho de 2012

Os presidentes dos pontapés de saída

Invejo os presidentes de câmara que dão "pontapés de saída" em jogos de futebol. Que jeito que me havia de dar ter tanta lata!

Jorge Ortiga de volta ao essencial

O arcebispo de Braga disse hoje que, para os políticos portugueses, "muitas vezes e quase sempre, vale apenas o bem-estar pessoal ou, quando muito, do seu grupo ou partido". Claro que qualquer político lhe poderá devolver o mimo, contrapondo que, para os bispos portugueses, muitas vezes e quase sempre, vale apenas o bem-estar pessoal ou, quando muito, do seu grupo ou irmandade. Isso é o que vai aparecer escrito e dito por aí e não me interessa absolutamente nada, porque, na verdade, e de um modo geral, os nossos bispos e os nossos políticos até estão muito bem uns para os outros.
O que me interessa é isto: Jorge Ortiga não é um qualquer. E eu quero pressentir nas palavras do prelado bracarense a mão fraterna que a Hierarquia da Igreja Católica recusou, hipócrita e cobardemente, a Januário Torgal Ferreira quando, há quatro ou cinco dias, o bispo das Forças Armadas foi lapidado na praça pública por também ter opinião. Vejo aqui, atrasado e solitário, o gesto da mais elementar caridade cristã que a Conferência Episcopal preferiu substituir pelo assobio.
E se calhar nem é nada disto. D. Jorge nunca mo dirá. Mas agradeço-lhe na mesma: hoje vou deitar-me com esta dúvida que me reanima: e se de repente tivermos Igreja?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

As minhas férias

As minhas férias foram ontem. Peguei na mulher e ala para a Póvoa! Saíamos depois de almoço, mas para mim o almoço já conta como férias. Comemos dois bijus, um para cada, levantámos a mesa, varremos a sala, lavámos a louça, regámos os vasos, desligámos a água, a luz e o gás, fechámos a porta com três chaves e uma tranca, pedimos à vizinha que deitasse os olhos às janelas e lá fomos apanhar o metro. A viagem correu muito bem. Correu é uma forma de dizer, porque tem transbordo e muitas paragens, mas viagens de férias são mesmo assim. Para entreter, contámos com a inesperada companhia e animação do mediático Fernando Alves, o artista que está sempre onde a televisão estiver. Pensei primeiro: com quem é que joga o Varzim? Mas qual Varzim?, pensei depois. E afinal era por causa da tourada. Ia dar à noite na RTP1.
A Póvoa estava cheia, como costuma acontecer nesta época do ano, certamente por causa do tempo. Mas há cada vez mais andares e apartamentos para vender e quartos por alugar. A língua oficial da Póvoa de Varzim, entre os meses de Junho e Agosto, é o francês com caralhos no meio. Eu e a minha mulher foi como se estivéssemos no estrangeiro, embora com caralhos no meio, e ainda há um bocadinho tínhamos saído de casa. Por falar nisso, liguei à vizinha para saber se estava tudo bem. E estava. Mais logo vou pagar-lhe o roaming.
Aproveitámos as férias em cheio. Olhámos para o casino e para o Cego do Maio, fomos espreitar as montras com bolos, a praia, os banhos e as banhas. Fomos às piscinas, ao museu, à biblioteca e ao estádio, sempre pelo lado de fora, para não incomodar. Já que era dia de corrida, demos um salto às traseiras da praça de touros e vimos os cavalos. Reparei: os cavalos de toureio são tratados com todos os mimos e cuidados, como se fossem da família. Um dos animais até estava a levar uma injecção no pescoço.
Não percebo quem diz que não tem dinheiro para ir de férias. Eu e a minha mulher fomos e às 18h30 já estávamos outra vez em casa. Mais: resolvi fazer um prolongamento extraordinário das férias e demo-nos ao luxo de jantar. Dois bijus, um para cada.
As minhas férias ficaram-me por 10,65 euros. Ora portanto, 24 cêntimos dos dois pães do almoço, dez euros de dois andantes Z5 (cartões incluídos) para as viagens Matosinhos-Póvoa de Varzim e Póvoa de Varzim-Matosinhos, mais os 24 cêntimos dos papos-secos do jantar, uma extravagância, e 17 cêntimos da chamada para a vizinha. Total: 10,65 euros, com todas as taxas incluídas. Foi um bocado puxado, é verdade, e não dá para descontar no IRS, mas é uma questão de nos organizarmos durante o resto do ano. O que é preciso é saber fazer "uma boa aplicação dos recursos" que temos, como muito bem disse, em devido tempo, o senhor primeiro-ministro.
A minha mulher queria ir a uma agência de viagens, para ver se a coisa nos saía mais em conta. Como se nós fôssemos uns necessitados! Mandei-a dar uma volta e ela passou as férias todas sem me falar. Está agora a ver a tourada da Póvoa na televisão. Eu não, mas gostei muito das minhas férias, que até meteram celebridades e cavalos. Para o ano, se Deus quiser e o metro e o pão não encarecerem, lá estamos outra vez.

Tenho agora muito gosto em partilhar as fotos das minhas férias:

Foto Hernâni Von Doellinger - o almoço
Foto Hernâni Von Doellinger - o metro
Foto Hernâni Von Doellinger - a viagem

Foto Hernâni Von Doellinger - o Dr. Fernando Alves
Foto Hernâni Von Doellinger - a praia da Póvoa
Foto Hernâni Von Doellinger - a injecção

O último comunicador

A minha missinha das oito é ouvir o Prof. José Hermano Saraiva a contar histórias na RTP Memória. Já o sei de cor como ao padre-nosso, mas gosto de o ter ali, exactamente ali, a servir de música de fundo ao meu jantar. Aqui que ninguém nos ouve, o homem tem tanto de historiador como eu de monge tibetano, o que lhe dá ainda mais valor: porque não há quem invente História tão bem como ele, não há quem estraçalhe com tanto panache tudo o que os verdadeiros especialistas escreveram com rigor, substituindo-o num estalar de dedos pelos seus próprios supores, e não há quem depois diga tudo o que acha com tanta graça, com tanta clareza, com um português tão perfeito e tão acessível e com tanta convicção. José Hermano Saraiva é único. Ele é o comunicador.
O professor sabe compor os "factos" como ninguém, sabe pintar a "realidade", consegue fazer com que a sua História seja sempre melhor e mais bonita do que aquilo que de facto se passou. E é cativante a contar. Vende bem. Muitas vezes não é verdade o que ele diz, mas podia ter sido, e a sua versão é sempre muito mais interessante do que a verdade ela mesma. Quase que se poderia dizer que, inadvertidamente, José Hermano Saraiva foi o inventor do moderno jornalismo português.

Ministro da Educação de Salazar, José Hermano Saraiva esteve no centro do vulcão que foi a crise académica de 1969. Figura polémica, criticado nos meios intelectuais e políticos, o professor ganhou o coração de sucessivas gerações de portugueses através dos programas que faz para a RTP. Penso, porém, que o fantasma do seu passado fascista às vezes ainda o incomoda. Num episódio onde revisitava os retratos dos vários presidentes da República, no Palácio de Belém, o professor deixou cair um curioso comentário sobre Canto e Castro, creio, que era monárquico convicto e assumido, que foi mesmo deputado no tempo da monarquia (eu percebi "ministro"), mas que ocupou depois, ainda que por pouco tempo, o cargo de chefe de Estado no novo Portugal republicano. "Fez a transição com elegância...", concluiu José Hermano Saraiva, e foi óbvio para mim que ele estava era a falar de si próprio, aproveitando para meter a ficha, como quem não quer a coisa, em mais um pouco de Omo.

Comecei por dizer que gosto de ouvir o professor na RTP Memória. Ali, onde ele é ainda um jovem de 80 anos cheio de genica. Incomoda-me ver os seus novos episódios na RTP 2. Não consigo. Não lhe deviam fazer isto. Não o deviam deixar fazer isto.
José Hermano Saraiva tem 92 anos e continua na TV. É uma boa notícia em absoluto, apesar dos meus incómodos, que para o caso são irrelevantes. Hoje como ontem, novas gerações poderiam continuar a aprender com ele, se não História a sério, pelo menos a falar bom português e a respeitar e a amar o nosso património. Mas era preciso que se percebesse o que o homem diz naqueles monólogos inenarráveis!
Já não há Vitorino Nemésio, lembram-se? E acreditem no que eu digo: isto, sim, são comunicadores. O resto são habilidosos, meros entertainers. No dia em que José Hermano Saraiva, não o de agora, sair de vez dos ecrãs, acabou o que era bom. Destes já não há mais!

(Escrevi e publiquei este texto no dia 11 de Outubro de 2011.)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

De que país é este Governo?

O Governo anunciou hoje o bodo aos pobres: a partir do próximo ano será possível deduzir no IRS cinco por cento do IVA em facturas de alojamento, restauração, oficinas de automóveis e, é claro, cabeleireiros. O semanário Expresso afirma que fez as contas e concluiu que, para atingir o tecto máximo da dedução - 250 euros -, cada contribuinte ou agregado familiar português terá que gastar 2.280 euros por mês em hotéis, salões de chá, cromados para o Rolls-Royce e manicura particular. Se eu tivesse 2.280 euros para gastar todos os meses, diria aos senhores do Governo para enfiarem os cinco por cento de desconto anual pelo cu acima. Como não tenho, mando-os apenas à merda.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Um certo senhor bispo

1. O bispo católico Januário Torgal Ferreira mijou fora do penico. Umas pinguinhas. O homem tem 74 anos anos, acontece. Esparrinhou na forma, mas acertou em cheio no conteúdo.
2. Torgal Ferreira disse o que milhões de portugueses pensam, dizem e escrevem. Eu costumo pensar, dizer e escrever o que ele disse. Sou católico, mas, embora tenha ido aos treinos, não sou bispo. Portanto eu posso.
3. Virgens e talibãs do PSD, sentinelas de serviço na blogosfera, caíram em cima do bispo com quanta força tinham à mão - porque eles também podem. Aceito: é o papel deles como o meu. Higiénico.
4. Já a lapidação ia a meio quando dei fé que os entusiasmados arremessadores de pedras se haviam esquecido de desmentir Torgal Ferreira, coisa de nada. Era matá-lo, porque o homem gosta de umas comezainas e dá-se com perigosos "socialistas". Disso o acusam e só. Começo a temer pela minha própria vida.
5. Mas se é isto que têm para apresentar contra o bispo, que se calhar também bebe uns copos fora das refeições, então os seus acusadores melhor fariam se fossem à merda.
6. Não percebo porque é que Torgal Ferreira não pode dizer o que disse por ser bispo católico. Do género: tudo o que o gajo diz é verdade, mas devia era estar caladinho.
7. Estou farto de bispos sacristas que só dizem amém.
8. A Hierarquia católica portuguesa ficou envergonhada com o que o bispo Torgal Ferreira disse. E desmarcou-se imediatamente. Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal, fez até questão de frisar à rádio Antena 1, com assinalável persistência e deselegância, que isto são apenas "declarações pessoais de um certo senhor bispo", nas quais a Igreja "naturalmente" não se revê.
9. Há coisa de dois mil anos, contam os Evangelhos, um certo Senhor Jesus Cristo chegou a usar a força física para expulsar, a chicote, os vendilhões do templo. Um determinado Senhor Jesus Cristo que não descansou enquanto não fez a folha a escribas e fariseus hipócritas, aos quais chamava raça de víboras e sepulcros branqueados. Que era o que naquele tempo se chamava (e os exegetas não me deixarão mentir) aos malabaristas políticos dos "jogos atrás da cortina, habilidades e corrupção". Era como se um certo Senhor Jesus Cristo dissesse: "Eu não acredito nestes tipos, em alguns destes tipos, porque são equívocos, porque lutam pelos seus interesses, porque têm o seu gangue, porque têm o seu clube, porque pressionam a comunicação social".
10. Às vezes dá jeito à Hierarquia da Igreja Católica portuguesa fazer doutrina com este Jesus Cristo musculado. Desta vez não.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Estimo-lhe as melhoras. Em ambos os casos.

Moita Flores, candidato do PSD à Câmara de Oeiras, pediu a suspensão do seu mandato de presidente da Câmara de Santarém, alegando motivos de saúde e obrigações literárias. Motivos de saúde e obrigações literárias? Que raio de combinação mais esfarrapada.

E façam favor de desculpar

O Ministério Público pediu a absolvição dos dois arguidos do caso Freeport, considerando que durante o julgamento não ficaram provados os factos que lhes eram imputados. Sexta-feira há sentença e está-se mesmo a ver.

sábado, 14 de julho de 2012

António Borges: o peso de uma voz independente

O primeiro-ministro tem sido uma boa surpresa para António Borges, que, em entrevista ao jornal Público, se diz "surpreendido com a qualidade" com que Pedro Passos Coelho tem sabido governar. Isto é uma entrevista que o Público publicita hoje e ameaça publicar amanhã.
Borges foi vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD e continua militante e dom sebastião residente do partido. Entre muitos outros e igualmente bem pagos empregos, Borges tem um que lhe foi dado recentemente por Passos Coelho, para acompanhar, junto da troika, os processos de privatizações, as renegociações das parcerias público-privadas, a reestruturação do sector empresarial do Estado e a situação da banca. É só chicha. Borges, o melro, ganhou, no ano passado, 225 mil euros livres de impostos.
Miguel Relvas, pós-doutorado em jornalismo criativo, é que tem razão. Finalmente o Público foi ouvir uma voz independente.

À espera de Portugal

Foto Hernâni Von Doellinger

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Perseguir sim, mas devagar

O PCP diz que inspectores da PJ por todo o país estão a ser multados e constituídos arguidos por excesso de velocidade no exercício das suas funções, nomeadamente em casos de vigilância e perseguição de suspeitos. E há dias pareceu-me ter ouvido na TVI o "criminologista" Barra da Costa ("criminologista" quer dizer ex-polícia que vai à televisão) afirmar que as perseguições policiais até estarão proibidas por quem manda, de maneira a poupar combustível e viaturas. As viaturas que ainda andam. Não é um descanso para todos nós?

Procuras, mas não encontras

Miguel Relvas diz que obteve a licenciatura bimby da Universidade Lusófona "ao abrigo da legislação em vigor". Também era o que faltava: são os Relvas que fazem a legislação em vigor para os Relvas! Este Relvas em concreto diz ainda, com alguma piada, que norteia a sua vida "pela procura do conhecimento permanente". E é aqui que entra o amigo Silva Carvalho.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Há uma nova rotunda em Matosinhos Sul

Começou por ser um buraco, um pequeno aluimento no asfalto. Na sexta-feira e no sítio do costume. Depois vieram a Protecção Civil e a PSP, a Indaqua com duas viaturas, um trabalhador e quatro olhadores, e anteontem o buraco já era uma rotunda. Uma magnífica rotunda tapa-buracos no cruzamento de Tomás Ribeiro com Heróis de França, melhoramento que só visto. Em Matosinhos é assim: as coisas medram. Lamenta-se apenas que, quase uma semana decorrida, o Senhor Presidente da Câmara ainda não tenha tido tempo para inaugurar e baptizar a obra. A nova rotunda da zona turística da cidade merecia um nome. Um nome feio.

Foto Hernâni Von Doellinger
Foto Hernâni Von Doellinger

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Por falar em ética

O pré-birreformado Macário Correia revelou à agência Lusa e ao mundo que escreveu esta manhã uma carta ao procurador-geral da República em que acusa o delegado do Ministério Público junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé de "falta de ética" por emitir opiniões contra si, Macário, sobre processos em curso, antes de expirar o prazo para ele, Macário, se justificar. Macário fez muito bem em mandar hoje a carta pelos jornais: assim, amanhã, Pinto Monteiro escusa de ter o trabalho de abrir o envelope quando receber o correio.

Pilas para fora

Conhecem a anedota das "Pilas para fora"? Aquela dos militares, da formatura e do cão do capitão, o cão chamado Pilas? Não conhecem, pois não? Também não perdem nada, é uma anedota de merda. O jornal Público é que anda com as partes arejadas e, à falta de Relvas, enfia-nos duas fresquinhas e seguidinhas, a ver se o Verão da nossa desgraça arrebita. Oh, a arte do título! Pilas para fora, diz o Público. O falecido 24horas não teria dito melhor.

Os apaixonantes

Foto Tarrenego!

Encostados ao coreto, de mão em concha na orelha, seguem a música com gestos semibreves de deleite e aprovação, procurando com um sorriso de conhecedor e olhos piscos a cumplicidade do povo todo ali à roda. E pedem chiu!, comovidos até às lágrimas, à espera dos ribombos do grand finale, para então se desfazerem em aplausos. Eles estão a ouvir a melhor banda do mundo, a sua banda, e pouco importa que, na verdade, até nem tenham bom ouvido. Não precisam. Eles ouvem a música com o coração. Eles são os apaixonantes.
Regra geral, são homens, reformados e musicalmente analfabetos. Mas também são sábios, quando conseguem reduzir a sublime arte que tanto os apaixona à sua simplicidade essencial. "Perceber de música é gostar do que se ouve", dizem. Eles, sim, são os verdadeiros filarmónicos, fazendo jus à explicação da origem grega da palavra: phílos = amigo + harmonikós = de harmonia. Exactamente: eles são os amigos da música.
Eles vão ouvir os ensaios, da parte de fora, por respeito. Trazem na carteira o calendário dos concertos. Seguem a banda para todo o lado, se possível de boleia na camioneta que transporta o material e os músicos. É verdade, como eles apreciam a proximidade e o convívio com os seus artistas! Oferecem mais um copo a troco de dois dedos de paleio, discutindo clarinetes e bombardinos, marchas e fantasias, com demonstrativos e desafinados terululi-fá-dó-mi-rol-fé-poropopó-trró-pum! pelo meio. Pedem "mais peso", querem "peças pesadas" para afogar sem misericórdia a banda do outro coreto no emocionante despique que apenas intervala. Entusiasmados, metem na conversa o Tchaikovsky e o Giménez, num tu cá, tu lá mais próprio de quem evoca uma famosa dupla de defesas centrais. Se eles sabem do que falam? Talvez não. E isso interessa?
Na terra onde eu nasci há duas bandas de música. E dois grupos rivais de apaixonantes. Qualquer observador independente dirá que, objectivamente, uma banda é melhor do que a outra. Mas isso aqui também não interessa para nada. Para os apaixonantes, a qualidade absoluta é um valor irrelevante. A nossa banda é que é sempre a melhor! O ouvido dos apaixonantes, para além de geralmente duro, é um ouvido selectivo, faccioso: surdo às fífias da casa e inventor de desafinações na concorrência. "Estão fraquinhos este ano"...
Portugal deve ser o único país do mundo que tem apaixonantes. E os apaixonantes são uma raça em vias de extinção. Alguns dos poucos sobreviventes podem ainda ser vistos este fim-de-semana numa festa ou romaria perto de si, em grupos de dois ou três, encostados ao coreto, de mão em concha na orelha. Se por caso os vir, respeite-os, mime-os, ajude à preservação da espécie.
Porque os apaixonantes e as bandas de música são como aqueles casais antigos, em que um não vive sem o outro. Ela morre e ele vai logo atrás. Ele morre e ela vai logo atrás. No dia em que desaparecer o último apaixonante, as filarmónicas também não ficam cá por muito mais tempo.

(Texto publicado no dia 2 de Setembro de 2011. Acrescento-lhe agora a fotografia, tirada ontem, em Fafe.)

sábado, 7 de julho de 2012

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Este já está entregue. Saltemos para o próximo.

- "Época [do Sporting] arrancou com 21 jogadores". Sapo Desporto, ontem.
- "FC Porto arranca trabalhos com 23 jogadores". Maisfutebol, 2 de Julho de 2012.
- "Benfica inicia temporada com 28 jogadores". Público, 2 de Julho de 2012.
A comunicação social dá sempre uma mãozinha. Portanto: Benfica, 28; FC Porto, 23; Sporting, 21. Parabéns ao campeão!

Macário pediu a reforma antecipada. E deram-lha.

Macário Correia tem 55 anos e uma perda de mandato por indecente e má figura autárquica. Pediu a reforma antecipada, que lhe saiu hoje no Diário da República, dois dias depois de o Supremo Tribunal Administrativo lhe ter caído em cima. Vamos pagar-lhe todos os meses, através da Caixa Geral de Aposentações, uma pensão no valor de 2.321,44 euros. Macário diz que "é mera coincidência". E até calhou bem, não foi?

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Mudam-se os tempos

Foto Hernâni Von Doellinger

Pedimos desculpa por esta interrupção

O roubo dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e pensionistas é inconstitucional, mas este ano nem por isso. Um vou ali e venho já do Estado de direito, em nome da troika, da execução orçamental e da meta do défice. E se défice não for cumprido, o dinheiro vai ser devolvido?

terça-feira, 3 de julho de 2012

Então e o "currículo profissional"?

Macário Correia foi condenado à perda do mandato autárquico. Por decisão do Supremo Tribunal Administrativo, o presidente da Câmara de Faro levou agora o meritíssimo pontapé no cu derivado a "ilegalidades" cometidas no tempo em que era presidente da Câmara de Tavira. Em 2006.
Muitos anos antes, o Macário secretário de Estado do Ambiente disse umas razoáveis palermices sobre tabaco, beijos e cinzeiros. E eu perdoei-lhe: o homem falava do fundo do coração. A pobreza gramatical, a ignorância das semânticas, a paixão pelo ciclismo, aquela cara de cabo de grupo de forcados amadores desarmavam-me a crítica. Ele até chamava esposa à mulher, e por causa disso levou um puxão de orelhas da Vera Lagoa, em directo, na televisão. Não desfazendo, sempre me pareceu muito boa pessoa.
Agora isto: Macário Correia condenado por violação do Plano Director Municipal e do Plano Regional de Ordenamento do Território. Violação. É dose. Macário, filho de pais agricultores, presidente da Associação de Estudantes, engenheiro agrónomo e arquitecto paisagista, mestre em Economia Rural, deputado do PSD, ajudante de Cavaco Silva, presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, vereador da Câmara de Lisboa, grande-oficial da Ordem de Mérito e presidente do Crédito Agrícola do Sotavento Algarvio. Mais do que o Miguel Relvas. E condenado. Acho uma injustiça que a Justiça não tenha ligado ao seu "currículo profissional".

A propósito: são duas seguidas para o PSD e isto não fica assim, que o Relvas não deixa. O PS que vá baixando as calcinhas.

Depois do engenheiro Sócrates, o doutor Relvas

Miguel Relvas, ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, fez em apenas um ano uma licenciatura que tem um plano de estudos de 36 cadeiras, distribuídas por três anos. Foi entre Setembro de 2006 e Outubro de 2007, na Universidade Lusófona. António Valle, adjunto do ministro, explicou ao jornal Público que, na hora de conceder a doutoral abébia, a Universidade levou em linha de conta o "currículo profissional" do actual governante.
Isto vai dar folhetim. Próximos capítulos: E teve prova de Inglês Técnico? O exame foi feito ao domingo? A Lusófona está para fechar? Paris ainda tem vagas em Filosofia para adiantados mentais? Dê o que der, José Sócrates já não está sozinho.