Nuno Melo tem tudo para correr bem como novo ministro da Defesa, porque andou na tropa. "Cumpriu o serviço militar obrigatório e foi comandante de pelotão, deu instrução como alferes e exerceu como polícia militar", leio no Expresso e ouvi numa televisão, talvez na SIC, por ser da família. Gosto das palavras "cumpriu", "comandante", "instrução" e sobremaneira "exerceu". Para além disso, João Nuno Lacerda Teixeira de Melo "sabe manejar vários tipos de armas - aliás, colecciona armas de caça e armas antigas". Portanto, ministro da Defesa, só podia. Que mais se pode pedir a um ministro da Defesa, o qual, ainda por cima, foi ó meu deus "alferes"? Nuno Melo está preparado, capacitado, sabe de ordem unida, é pelas armas, dá os seus tirinhos, é "brigão", isto é, "tem um conjunto de características que, à partida, podem agradar aos militares", assinala o articulista. Espero que, por este andar, o novo ministro da Agricultura tenha trabalhado no campo em pequenino e saiba plantar nabiças e que o novo ministro da Educação tenha andado na escola e pelo menos saiba ler e assinar o nome. E ficamos muito bem servidos.
domingo, 31 de março de 2024
Mudança da hora
Se mudou a hora, esta manhã, logo que se levantou, não se esqueça agora de a pôr para lavar.
Jesus Cristo, procura-se!
Jesus, Jesus, o que sente neste momento?
sábado, 30 de março de 2024
O compasso
Foto Hernâni Von Doellinger |
Em Fafe de boa memória, era na Casa do Santo Velho que se reuniam todas as cruzes no fim tardeiro do compasso, seguindo depois para a Igreja Nova, em galhofeira procissão de sinetas exaustas e descompassadas, nas últimas. Rebentavam foguetes com uma violência desnecessária, desproporcional, moucando-me os ouvidos e estremecendo-me as entranhas, e a mim parecia-me que a ressurreição do Senhor podia muito bem ser melhor festejada com bichas-de-rabiar, não desfazendo, mas ninguém me ligava...
O mistério dos ovos da Páscoa
quinta-feira, 28 de março de 2024
O carregador de piano
Era uma equipa tecnicamente evoluída, formada por jogadores habilidosos e repentistas, mágicos predestinados, futebolistas de eleição. Mas precisava evidentemente de alguém que vestisse o fato-macaco, de um carregador de piano. Aproveitando a janela de Inverno do mercado de transferências, foi contratado o Sr. Saraiva, precário da Casa da Música que costumava alombar nas deslocações da Orquestra Sinfónica do Porto.
P.S. - Hoje é Dia Mundial do Piano.A diferença
A diferença entre os centros históricos e os centros histéricos está sobretudo na compostura. E na vogal do meio.
Marcos históricos
Centros históricos
P.S. - Hoje é Dia Nacional dos Centros Históricos.
quarta-feira, 27 de março de 2024
Metade de um jogador de futebol
Assim por alto, a Academia do FC Porto contará com 10 campos relvados e iluminados, quatro dos quais com bancadas até 400 espectadores, um campo de futebol de sete e um miniestádio com uma bancada de 2500 lugares, além de um edifício com 72 quartos duplos, salas específicas de lazer, descanso e de estudo, auditório para ações internas e externas, grande átrio, cantina para cerca de 500 refeições diárias, cozinha, escritórios, gabinetes vários, piscina, fisioterapia, gabinetes médicos, ginásio, áreas de apoio logístico, manutenção, rouparias e balneários. Assim por baixo, o jogador de futebol Danny Namaso é um suplente utilizado às vezes por Sérgio Conceição, um deste dias vai-se embora por tuta e meia, mas actualmente vale duas academias do FC Porto. Eu não percebo porque é que Pinto da Costa só quer fazer uma.
A última palavra do deputado
- Muito obrigado, senhor presidente. Senhor presidente, senhoras e senhores deputados: zus!
Da velha escola
Sou realmente um tipo muito antigo. Eu sou do tempo, vede lá, em que os actores tinham cê!
P.S. - Hoje é Dia Mundial do Teatro.
Sangue, suor e lágrimas
Ele era dador de sangue. De sangue, suor e lágrimas. Era realmente um dador esforçado e piegas.
P.S. - Hoje é Dia Nacional do Dador de Sangue.
terça-feira, 26 de março de 2024
Parcídio Summavielle homenageado
Parcídio Summavielle será homenageado amanhã em Fafe, numa iniciativa da Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas de Braga e da Comissão Executiva das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril em Fafe, com a colaboração do Município fafense. A sessão decorrerá no salão nobre do Teatro-Cinema de Fafe, a partir das 18 horas. De entre as diversas intervenções previstas, faço questão de destacar a de Ricardo Gonçalves, orador convidado.
Parcídio Summavielle, resistente antifascista, democrata, ex-presidente da Câmara de Fafe e indiscutível fafense excelentíssimo, é a figura-tema das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril em Fafe. A homenagem de amanhã coincide com o aniversário natalício do homenageado. Como já aqui expliquei, com pelo menos um ano de avanço, amanhã é que é, com toda a propriedade, o Dia do Pi.
Relativamente a essa matéria
- E relativamente à outra matéria, senhor primeiro-ministro?
- Relativamente à outra matéria, senhor deputado, devo esclarecer que não tenho nada a acrescentar relativamente à outra matéria.
- Bem me parecia, senhor primeiro-ministro!
- Ainda bem que nos entendemos, senhor deputado!
Realmente. O que seria de nós, do País, da Nação, do nosso amado Portugal, sem os nossos senhores deputados, sem os nossos senhores primeiros-ministros, gente assim de categoria, tão adulta e tão reciprocamente compreensiva?...
Eu não lhe admito, senhor deputado!
- Então o que é que o senhor deputado disse, senhor deputado?
- Eu disse aquilo, senhor deputado.
- Aquilo, senhor deputado? E só agora é que o senhor deputado diz isso, senhor deputado?
- Eu não admito que o senhor deputado diga que eu disse isso, senhor deputado!
António Rebordão quê?...
Uma vez, há coisa de treze anos, eu tive a sorte de almoçar com o escritor António Rebordão Navarro. Eu e mais três amigos e velhos camaradas de ofício, dos jornais, num acidental e feliz reencontro à beira-Douro, lá na Ribeira de Gaia. Falámos sobretudo de banalidades risíveis, como convém à mesa, mas era fatal chegarmos aos livros. Meti conversa, como quem não quer a coisa:
- Sabe que fomos praticamente vizinhos durante alguns anos? O senhor doutor ainda mora lá para a nossa Foz?...
- Ai tem o livro? Mas eu escrevi mais livros, escrevi para aí uns catorze... - cortou Rebordão Navarro, sem disfarçar o sorriso malandro como o arrozinho de feijão e legumes que lhe acompanhava os bolinhos de bacalhau com que se deliciava.
"A Praça de Liège" foi um sucesso tremendo aquando da sua publicação, em 1988. Era o livro da moda (pois se até eu o comprei!) e ganhou o Prémio Literário Círculo de Leitores. Na altura em que me encontrei com o autor, contou-me o próprio, no Círculo de Leitores já não sabiam quem ele era, quem era o escritor António Rebordão Navarro. Alguém do Círculo contactou a irmã do escritor por uma razão qualquer, a senhora falou do irmão e do famigerado prémio e obteve como resposta um lamentável
- Quem? Rebordão quê? Não conheço...
Pois é: a memória! As empresas enxotam quem sabe da poda, despedem os funcionários pelas mãos dos quais passaram os factos e as pessoas, preferem juniores renováveis e analfabetos, verdes como os recibos, fiam-se no Google mas não vão lá. E depois ninguém sabe nada de nada.
Há anos que está a acontecer o mesmo nas redacções dos jornais portugueses e até se contam algumas saborosas anedotas a esse respeito. São de rir tanto, as anedotas, que às tantas até são verdade.
No que me diz respeito, e como penitência pela minha ignorância àquela data quanto à dimensão da obra literária de António Rebordão Navarro, que afinal era qualquer coisinha mais do que catorze títulos, aqui deixo o registo essencial, com sinceros votos de que faça também bom proveito à rapaziada do Círculo de Leitores: poesia - "Longínquas Romãs e Alguns Animais Humildes", 2005; "A Condição Reflexa", 1989; "27 Poemas", 1988; "Aqui e Agora", 1961; teatro - "Sonho, Paixão, Mistério do Infante D. Henrique", 1995; "O Ser Sepulto", 1972; crónica - "Estados Gerais", 1991; ensaio - "Juro Que Sou Suspeito", 2007; conto "Dante Exilado em Ravena", 1989; romance - "As Ruas Presas às Rodas", 2011; "A Cama do Gato", 2010; "Romance com o Teu Nome", 2004; "Todos os Tons da Penumbra", 2000; "Amêndoas, Doces, Venenos", 1998; "A Parábola do Passeio Alegre", 1995; "As Portas do Cerco", 1992; "Mesopotâmia", 1984; "A Praça de Liège", 1988; "O Parque dos Lagartos", 1981; "O Discurso da Desordem", 1972; "Um Infinito Silêncio", 1970; "Romagem a Creta", 1964.
P.S. - António Rebordão Navarro morreu no dia 22 de Abril de 2015. E Portugal adormecido parece que já não sabe quem é que ele foi, quem é que ele é. Hoje em dia, acho isso mal. Para ignorante, bastava eu. Em todo o caso, hoje é Dia do Livro Português.
Ai Jesus, Deus nos acuda!...
segunda-feira, 25 de março de 2024
Sempre a dar-lhe
domingo, 24 de março de 2024
O Emplastro e os doutores
Foto Hernâni Von Doellinger |
O cidadão Fernando Alves. O Animal, chamam-lhe, ou o Emplastro, que, segundo o Expresso em 2008, foi contratado pelas agências turísticas para acompanhar os passeios pelo menos bêbados de mais de 15 mil finalistas universitários portugueses a Espanha. Quinze mil doutores, em dinheiro de hoje em dia, e as viagens de finalistas estão outra vez aí a dar que falar. O extraordinário Emplastro que até foi ao Herman SIC e teve direito a dentes novos, dados por um desinteresseiro benemérito.
As eleições já lá vão, o campeonato de futebol parou derivado à Selecção, mas a televisão regra geral não pára e o fabrico de chouriços em directo também não, portanto o nosso Fernando continua a apresentar-se ao serviço. A televisão sem ele é uma seca, e com ele também, mas o Fernando tem pinta. Tudo continua normal, normalíssimo, e cá vamos andando com a cabeça entre as orelhas, como dizia o nosso escritor de canções. O pior é mesmo o defeso futebolístico. No defeso, como o próprio nome indica, ninguém quer saber se o Fernando é filho do Pinto da Costa ou do Luís Filipe Vieira, ou pai do Frederico Varandas ou sócio do António Salvador, e então o que é que se passa? Isto: o Emplastro monta base à porta de um restaurante de Matosinhos, não sei se convidado ou somente tolerado pela gerência, e abrilhanta, à saída, copos de brutos, hic!, quero dizer, fotos de grupos, gente bem. Nos intervalos das suas pertinentes intervenções (faz cara de Emplastro, só lhe pedem isso), o Fernando deita-se na soleira da porta ao lado e então faz papel de famélico de Calcutá, o que lhe fica um bocado mal, estando ele gordo como um chino. E pede, se vê uma máquina fotográfica, "Uma moedinha, é para comer, é para comer..." - o número do costume. Não sei quem é que actualmente lhe está a cuidar da imagem e da carreira, o superagente Jorge Mendes não é de certeza, mas há ali qualquer coisa que não bate certo. Eu sei, já disse, é no defeso, mas isso não explica tudo.
O Fernando fez-se Emplastro a pulso, porque não é tolo nenhum - ao contrário do que muitas pessoas possam pensar -, mas também deu jeito a certas e determinadas televisões que ele fosse assim. E aos jornais. E às revistas. Pois se até o "entrevistavam" e lhe fizeram o "perfil"! Por outro lado, também já mete nojo, não é? Às tantas ainda o mandam para a Arábia Saudita.
Posso dar um palpite? Posso e é o seguinte: ninguém vai querer saber do Emplastro, quando o Fernando estiver deitado na soleira e for a sério (à séria, se lido em Lisboa). Nem os comensais arrotantes nem os estudantes terminais. Quem ousará sobressaltar-se quando o Animal for realmente abandonado?...
Estudantes, espermatozóides e neurónios
Voltando ao essencial da coisa e aos números que não mentem, a realidade é esta: durante festas como, verbi gratia, a Queima das Fitas do Porto (que costuma rebentar-me aqui à porta, enchendo de vomitado o Passeio Atlântico, na beira-mar matosinhense, muito obrigado), regista-se, em média, uma diminuição de 20 por cento na concentração de espermatozóides dos estudantes afectados. No caso dos neurónios, digo eu, a redução é de cem por cento.
sábado, 23 de março de 2024
O que é que eles dão para hoje?
Os especialistas do tempo prevêem para hoje um dia com 24 horas.
P.S. - Hoje é Dia Mundial da Meteorologia.
Os que dão o tempo
O agricultor excêntrico
Ele era um lavrador um bocadinho excêntrico. Semeava ventos e colhia tempestades. E depois vendia-as ao preço da chuva...
sexta-feira, 22 de março de 2024
O dia da árvore (vir abaixo)
Foto Hernâni Von Doellinger |
Afinal o dia da árvore é hoje, e não foi ontem, pelo menos para o carro do vizinho que acaba de levar com uma em cima. A prevaricadora é a árvore número 12, apenas duas adiante da minha, e finalmente começo a perceber porque é que elas agora são numeradas e etiquetadas. Assunção de responsabilidade civil. Já cá estão a polícia, os bombeiros e funcionários da autarquia, a área foi devidamente selada pelas autoridades forenses, a rua está cheia de mirones, turistas, romeiros e foliões. Há teorias e palpites. Para além das tradicionais poeiras africanas, anda por aqui uma praga de joaninhas e meia árvore desabou inopinadamente numa manhã sem vento. De podre terá caído - como o PS, por assim dizer. Já ouço as motosserras oficias. A 12 vai para lenha, e é muito bem feito. Espera-se a todo o momento a chegada da senhora presidenta da Câmara, da CMTV e da CNN. Matosinhos é uma festa!
Com a mostarda no nariz
Pedimos desculpa por esta interrupção
quinta-feira, 21 de março de 2024
A minha é a número 10
Foto Hernâni Von Doellinger |
Hoje é Dia Mundial da Árvore. A minha, à porta do meu prédio, é a número 10. Não sei por que razão as árvores são agora numeradas e etiquetadas. Nem percebo como é que as florestas antigas conseguiram salvar-se sem serem numeradas e etiquetadas. Sou um simples: acredito que tudo tem o seu propósito e contento-me com as coisas conforme elas se me apresentam. Para além disso, o número 10 parece-me um bom número.
quarta-feira, 20 de março de 2024
terça-feira, 19 de março de 2024
Carteira profissional
P.S. - Hoje é Dia do Carpinteiro ou Dia do Marceneiro ou Dia do Carpinteiro e do Marceneiro. É também Dia do Artesão, Dia do Pai e Dia de S. José, que armou esta confusão toda.
domingo, 17 de março de 2024
Dá-lhes música...
sexta-feira, 15 de março de 2024
Prò menino e prà menina
Bimba e lola para senhora, bimbo e lelo para homem. Nos trinques!
P.S. - Hoje é Dia Mundial dos Direitos do Consumidor.
quinta-feira, 14 de março de 2024
Ordem unida
A incontinência urinária, tomem bem sentido, não é uma cortesia militar!
P.S. - Hoje é Dia Mundial da Incontinência Urinária.
Orlando Castro no Mar de Letras
Foto RTP |
O jornalista e escritor Orlando Castro é convidado do programa Mar de Letras, da RTP África, no próximo dia 20 de Março, quarta-feira, pelas 21h30. "Saiu de Angola, mas Angola não saiu dele e é a este país que regressa nos seus escritos. Orlando Castro está de regresso ao Mar de Letras com um livro de poesia, marcado pela dor dos tempos em que foi obrigado a deixar o seu país, e com um livro de vivências pessoais com a UNITA, incluindo com Savimbi. Uma conversa a não perder", recomenda a RTP.
quarta-feira, 13 de março de 2024
Capitão da areia
Foto Hernâni Von Doellinger |
A apoteose dos campeões de Limoges
Até aqui, já nós sabíamos. O texto acima contei-o há dias, sob o título "Lembrando David Alves". Mas há mais. Mais a dizer sobre esta icónica fotografia, que eterniza a equipa de juniores do FC Porto que venceu o prestigiado Torneiro Internacional de Limoges, França, em Maio de 1966, e que foi oferecida pelo próprio David, com dedicatória, "ao devotado portista e amigo Calvelos", isto é, ao nosso Zeca Calvelos, que é nada mais nada menos que o José Freitas que agora, quase 58 anos depois, teve a feliz ideia de no-la enviar. Ali estão, creio não haver engano, da esquerda para a direita, de pé: David, Orlando, Alberto, Bastos, Almeida, Lourenço e Sousa. E em primeiro plano, no mesmo sentido, de joelhos: Luís Pereira, Ricardo, Zé Carlos, Miranda e Lázaro. O treinador seria certamente, por aquela altura, o mítico Artur Baeta.
O FC Porto sagrou-se campeão da quinta edição do famoso torneio francês após vencer, na final, o FC Barcelona. Foi a primeira grande conquista internacional do clube no futebol de formação, e a cidade recebeu os seus rapazes como heróis. Em autêntica apoteose. Como que adivinhando o que haveria de ser o futuro normal, a Baixa encheu-se de uma multidão de adeptos portistas em delírio.
"No dia do regresso a casa, o triunfo valeu uma grande recepção na Estação de São Bento, um cortejo na Avenida dos Aliados e uma cerimónia na antiga sede do clube, onde hoje se localiza o Axis Porto Club Hotel. Tamanha celebração sublinhou ainda mais a importância da conquista dos jovens futebolistas, a quem a organização da prova complicou bastante a vida", faz notar, actualmente, a informação oficial do FC Porto. A taça arrecadada, que por acaso é um jarro certamente da mais fina porcelana, ou não fosse de Limoges o torneio, é bem bonita e pode ser visitada no museu.
Em torno da mobilidade
Socióloga, professora catedrática na Universidade Aberta, onde fundou, em 1994, o Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais, Maria Beatriz Rocha-Trindade é considerada a introdutora em Portugal do ensino da Sociologia das Migrações.
segunda-feira, 11 de março de 2024
Salão António-Pedro Vasconcelos
Foto FafeTV |
P.S. - A sala de cinema do Teatro-Cinema de Fafe devia chamar-se, por exemplo, Sala Dona Laura Summavielle. Mas para saber disso é preciso ser-se de Fafe desde pequenino...
domingo, 10 de março de 2024
Cabeças brilhantes
Naturalmente platinado
sábado, 9 de março de 2024
Hoje é um dia muito importante e amanhã ainda mais
sexta-feira, 8 de março de 2024
Viva a Oposição!
Portugal devia ser governado pela Oposição. Porque na oposição é que os partidos de governo têm as melhores ideias e soluções para a saúde, para os professores, para a economia, para o ambiente, para a cultura, para a justiça, para a habitação, para as forças armadas, para a mobilidade e para os portugueses em geral. O pior que pode acontecer à Oposição é ir para a Posição. Varre-se-lhe tudo. É. O Governo é uma merda! Por isso a Oposição está muito bem onde está.
Depois queixam-se da abstenção...
Ladies first?
quinta-feira, 7 de março de 2024
Os telejornais
Imagem RTP |
A RTP iniciou as suas emissões regulares, nos Estúdios do Lumiar, em Lisboa, no dia 7 de Março de 1957, faz hoje anos. E o primeiro Telejornal, o original e verdadeiro, cujo alinhamento está ali em cima, foi para o ar no dia 18 de Outubro de 1959. Os telejornais eram uma coisa porreira, feitos os devidos descontos, porque davam telenotícias - o que era então extraordinário. Agora os telejornais são uma treta. São a telenovela antes da telenovela. E eu não vejo. Há anos!
quarta-feira, 6 de março de 2024
A bela foda
terça-feira, 5 de março de 2024
Lembrando David Alves
Foto enviada por José Freitas |
José Freitas teve a amabilidade de enviar-me esta extraordinária "lembrança de David", assim lhe chamou, provavelmente na sequência das minhas mais recentes publicações sobre guarda-redes, aqui no Tarrenego! e no meu outro blogue, Fafismos, onde faço questão de enfatizar a personalidade e os ensinamentos do saudoso David Alves. O David, como já contei, fez a sua formação futebolística nos juniores do FC Porto, pelo menos entre 1964 e 1966, acamaradando com craques da categoria de Pavão, Lázaro, Rendeiro, Sérgio Vilarinho, Arlindo, Ernesto, Belo, Alberto, Alípio, se não estou em erro, e Sousa, com quem dividia a baliza, entre outros. Nesta histórica fotografia, de que desconheço o autor e as circunstâncias, mas que agradeço penhoradamente ao José Freitas, o nosso David é o primeiro à esquerda, obviamente de pé.
segunda-feira, 4 de março de 2024
Já não há mulheres com bigode
Foto Hernâni Von Doellinger |
Cuidado. Antes de me soltarem os cães, façam o favor de perceber que eu não disse que as mulheres limianas são bigodadas e feias. Não. O que eu digo é que, sobretudo aos fins-de-semana e feriados, elas, as bigodadas e feias, concentram-se todas ali, à beira-Lima, como se fosse um congresso de camafeus ou um concurso de feieza. Numa dessas ocasiões, eu próprio fui confundido com a cantadeira de um rancho folclórico derivado às minhas barbas. De resto, não sei de onde elas vêm, as mulheres abigodadas, nunca perguntei.
Vou a Ponte de Lima desde pequenino, desde o tempo das excursões ao Alto Minho organizadas pelo meu avô da Bomba, sobrevivente dos sete ofícios. Aqui atrasado tornei lá todo contente e tive um desgosto muito grande. A vila mais antiga de Portugal, Ponte de Lima monumental e histórica, bela, tradicional, está mais pobre. As mulheres continuam particularmente feias, honra lhes seja, mas deitaram abaixo os bigodes. Sentei-me no banco do costume, junto à vendedeira de castanhas, queimei os dedos a comê-las, mas bigodes de mulheres, que era ao que eu ia, nem um para amostra. É lamentável. Os cremes depilatórios estão a dar cabo do nosso património.
Não sei se volto a Ponte de Lima. Ainda por cima, o arroz de sarrabulho também não estava grande coisa. Mas as castanhas eram bem boas.
P.S. - A vila de Ponte de Lima festeja hoje os seus 899 anos de existência. Muitos parabéns!
É fartar, vilanagem!..
Aliás, o Dia Mundial da Obesidade está obviamente condenado, por indecente e má figura. Para o ano decerto já não há. Porque a obesidade é do obeso e o obeso é gordo, e isso são palavras que hoje em dia não se dizem. Já nem nos livros. Nem nos filmes. Evidentemente.
Outros tempos, outra limpeza...
Foto Hernâni Von Doellinger |
Os matraquilhos foram inventados pelo galego Alexandre Campos Ramires ou Alexandre de Fisterra, que também era editor e escritor. O nome mais bonito dos matraquilhos é, digo eu, pseberico. Assim se falava pelo menos em Fafe.
domingo, 3 de março de 2024
Agora, estragai!
Pronto! Está feito. Já votei. Eu e a minha mulher, em menos de três minutos, num ambiente organizado, simpático, agradável, uma mesa só com malta nova, bem disposta, competente, vantagens decerto do voto antecipado, como costumamos. Votei. Em consciência e devidamente informado. Isto é, sem a desinformação dos programas, dos debates, das entrevistas, dos comentários, das sondagens, dos tempos de antena, das arruadas, dos comícios, das redes sociais - que não vi, que não li, que não ouvi, que não acompanhei, que não sei, que não quero saber. Votei por um país que olha por todos e onde cabem todos, não o consigo dizer de forma mais simples e sincera. Por mim, está feito, e gostaria que agora me deixassem em paz. E não vos esqueçais de ir lá no próximo domingo e dar cabo disto tudo. Do país que vos deixei...
Hidráulico e selvagem
A montanha pariu um rato
Como as cobras
P.S. - Hoje é Dia Mundial da Vida Selvagem.
sexta-feira, 1 de março de 2024
Não mexam na nossa vitela assada!
Sobre a arte de estragar comida. Comecemos pela lampreia, para terminarmos na vitela assada à moda de Fafe. A lampreia é, para mim, o supra-sumo da gastronomia alto-minhota. Uma gastronomia apurada, robusta, variada, generosa, com personalidade, como eu gosto e como é, no geral, toda a honesta cozinha tradicional portuguesa. Há o arroz de lampreia, há a lampreia à bordalesa. E até admito mais duas ou três bem intencionadas variantes (como a lampreia fumada, a lampreia recheada ou a lampreia assada), mas que, não desmerecendo, já não me são a mesma coisa. Eu fico-me pela arrozada a fugir do prato a todo o vapor e pela bordalesa intensa e substancial - embora, como a maioria dos portugueses, já só coma lampreia de memória.
No Alto Minho, a lampreia é justamente considerada "um prato de excelência" e de tradição. Sim, de tradição. "Para confeccionar um produto de qualidade com paixão e arte, nada melhor que as mãos de afamadas cozinheiras que receberam os testemunhos e segredos de gerações passadas, com raízes na ancestral tradição culinária do Vale do Minho", lia-se num opúsculo editado aqui há uns anos pela Adriminho para chamar visitantes e promover o consumo do apreciado ciclóstomo nos melhores restaurantes dos concelhos de Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira.
Não percebi com que segunda intenção, a Adriminho resolveu, naquela ocasião, amaricar a apresentação da sua lampreia, bem à moda de Lisboashire ou Cascais County, colocando na capa do dito prospecto a fotografia de um empratamento aguado e triste, obra certamente de um daqueles famosos jovens chefs da televisão que não cozinham nada mas têm muito jeito para as artes plásticas. Resultou assim uma coisa de snack-bar cantineiro, algures entre Nova Iorque e Bogotá, espécie de nouvelle cuisine pretensiosa e escusada que envergonha a velha lampreia e a tradição gastronómica alto-minhota.
Vede bem o retrato que vos apresento: então aquilo ali em cima agora é que é a lampreia do rio Minho? Que mal é que tinha a outra, a verdadeira?
Derivado a estas e a outras é que eu às vezes temo pelo futuro da nossa vitela assada - a vitela assada à moda de Fafe. A existência da confraria respectiva não me sossega e por acaso até me preocupa. Isto é, não sei se a nossa vitela assada está em boas mãos. O circo chegou à cozinha. Lembro-me das Feiras Francas de 2013 e de uma programação toda modernaça que até meteu workshopping, showcasing e showcooking, e esta parte afligiu-me desde logo. Anunciava-se "a tradição e a inovação de mãos dadas", prometia-se a "elaboração de pratos tradicionais recriando com inovação", e eu, à rasca, só pedia aos Céus: - Com a nossa vitela, não! Senhor, fazei com que eles deixem estar tudo como está, que está tão bem, graças a Deus! São Lourenço, padroeiro dos cozinheiros, segundo uns, rogai por nós! São Benedito, padroeiro dos cozinheiros, segundo outros, rogai por nós! Minha rica Senhora de Antime, livrai-nos dos estragadores e salvai a nossa vitela assada, amém!
É. Eu sou muito religioso, embora amiúde não pareça, e levo a comida muito a sério, mas isso já se sabe. A vitela assada à moda de Fafe até poderá ter os dias contados, porque os comedores de rúcula e outros tofus ainda nos vão proibir o consumo de carne, mas, enquanto não é crime, eu faço questão que a deixem em paz.
E por isso digo e redigo: não mexam na nossa vitela assada! A vitela assada à moda de Fafe é o que é. É à moda mas não há modas. É, sem tirar nem pôr. Não tem variações, não admite inovações, dispensa recriações ou até interpretações. É vitela assada à moda de Fafe. Assim.
Mal agradecidos
Votos inúteis
Votos de confiança, votos de louvor, votos de vencido, votos de qualidade, votos de silêncio, votos de boas festas, votos felizes, votos infelizes, votos de parabéns, votos de melhoras, votos de casamento, o que eu lhe estimo é o que lhe desejo, votos de pesar, votos de medir, ex-votos e sobretudo votos de castidade. Inutilidades, nos dias que correm.