sábado, 17 de março de 2012

Será do cu? Será das calças?

Foto GASPAR DE JESUS

As III Jornadas Literárias de Fafe já entraram na sua segunda semana e eu ainda não vi nenhuma notícia sobre o assunto. Digo notícia e refiro-me aos chamados órgãos de comunicação social de expressão nacional. Nada. Nem uma, umazinha. Confesso que não me esforcei numa busca profissional, servi-me apenas da papinha feita do Google, e por isso admito que alguma coisa me possa ter escapado. Mas, se me escapou, era alguma coisa muito pequenina, sorrateiramente insultuosa para uma iniciativa cultural desta singularidade e dimensão.
Eu sei: faltam cabeças de cartaz, chamarizes. Uma Agustina, um Lobo Antunes, um José Rodrigues dos Santos, uma Cláudia Jacques, um Futre, uma Carolina Salgado ou um José Castelo Branco. Falha tanto mais grave numa terra que aqui atrasado perfilhou o cineasta portuense Manoel de Oliveira, ainda me hei-de rir quando (e se) conseguir perceber porquê.
Os chamados órgãos de comunicação social de expressão nacional estão-se borrifando para a cultura. Querem é "nomes". E, já agora, almoço. E jantar. E umas lembrançazinhas. E almoço. E jantar. A cultura assim já é uma coisa muito bonita e o jornalismo também. Por outro lado, os responsáveis pelas jornadas se calhar pensam que os textos generosamente adjectivados que publicam nos seus blogues mais ou menos pessoais são notícias e bastam. Pois permitam-me que, respeitosamente, lhes diga: não são notícias, nem bastam. São manifestos de alma em circuito fechado, brilharetes e não mais do que isso. Tal e qual como eu aqui no Tarrenego!
Portanto, que fique assente: não são notícias. E não bastam porque as Jornadas Literárias de Fafe merecem muito mais. Justificam tratamento jornalístico a sério, distanciado, rigoroso e substantivo, para que o País saiba, sem cunhas nem narizes-de-cera, que, a dois passos de Guimarães-Capital Europeia da Cultura e a três de Braga-Capital Europeia da Juventude, há uma cidade outra onde a cultura é feita pelo povo de mãos dadas, como, que eu saiba, não se faz em mais lado nenhum. E povo aos milhares.
Sabiam que as III Jornadas Literárias de Fafe arrancaram, no passado dia 9, com um espectáculo que envolveu 1.500 crianças e jovens do concelho, num recinto lotado com mais de 3.000 pessoas? Sabiam que, até dia 24, todos os dias a cultura acontece, com iniciativas diversas e participadas, de fazerem inveja aos mais pintados? Sabiam que amanhã - exactamente amanhã - é o ponto alto desta maratona de duas semanas, com a recriação da visita do rei D. Carlos a Fafe, numa muito aguardada reconstituição de época que contará com a participação de mais de 4.000 figurantes? Sabiam? Viram isto nas notícias?
Bem me parecia. Alguém está a precisar de levar umas bordoadas valentes, só não sei quem. Porque ainda não percebi se o defeito é do cu ou é das calças. Se a culpa é dos chamados órgãos de comunicação social de expressão nacional, que por natureza se borrifam, ou se a promoção da coisa não foi feita como devia.

8 comentários:

  1. A resposta à sua pergunta/dúvida o sr. mesmo a escreveu:
    "Eu sei: faltam cabeças de cartaz, chamarizes. Uma Agustina, um Lobo Antunes, um José Rodrigues dos Santos, uma Cláudia Jacques, um Futre, uma Carolina Salgado ou um José Castelo Branco. (...)"

    Mas também por culpa, certamente, das opções editoriais dos jornais que preferem dar primazia aos pseudo-escandalos do que à "verdadeira" cultura.

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    1. Muito obrigado, caro Faustino Monteiro, pela visita e pelo comentário.

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  2. Talvez seja preciso um assessor de imprensa para divulgar a coisa devidamente, não?
    Abraço,
    P.

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  3. Já no teu anterior texto ( " E que tal Fafe " ) tinha dado conta da ilustre ignorancia dos demais a esta grande iniciativa. Tristeza! Mas a nós os Fafenses, os VERDADEIROS FAFENSES, que nao la moram e se lembram sempre da nossa querida Terra, fica a amargura, e eue sei bem disso! No entanto caro Nane deixa-me partilhar contigo uma iniciativa propria que fiz na passada 5ª feira. Para ajudar a enaltecer o dia de amanha como sendo o mais alto destas comemoraçoes, a Associação Humanitaria dos Bombeiros De Fafe, a nossa Bomba, ira participar com o seu ilustre Opel da cadeirinhas com os sues amarelos todos a brilahar e conduzido por um motorista com farda da época antiga! Acontece que ao irem buscar o nosso Opel ao museu da Cidade ( que muito bem guardado fica, por sinal )verificaram um problema mecanico que o impedia de circular e peças daquelas nao existem de pé para a mao. Pois meti maos ao caminho e com os conhecimentos amigos que tenho consegui na 5ª feira á noite por a vitaura operacional e ate para que fiques com " raiva " aqui do primaço, dei uma volta na Av. do Brasil em Fafe pelas 22.00 hrs da noite naquela reliquia! Gostei! e Sabes ajudar assim não custa mas sim ilustra!
    Abraço Miguel

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    1. Boa malha, Miguel, é assim mesmo! Obrigado pela visita e pelo comentário.

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  4. Podes consultar o site dos Bombeiros de Fafe ( www.bvfafe.pt ) e ve a reportagem acerca do acontecimento. E la estava o nosso Opel no seu melhor!
    Abraço Miguel

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