Se acaso aqui topares, caminhante,
Meu frio corpo já cadáver feito,
Leva piedoso, com sentido aspeito,
Esta nova ao esposo aflito, errante...
Diz-lhe como de ferro penetrante
Me viste, por fiel, cravado o peito,
Lacerado, insepulto e já sujeito
O tronco feio ao corvo altivolante;
Que dum monstro inumano, lhe declara,
A mão cruel me trata desta sorte;
Porém que alívio busque à dor amara,
Lembrando-se que teve uma consorte
Que, por honra da fé que lhe jurara,
À mancha conjugal prefere a morte.
Tenreiro Aranha
Meu frio corpo já cadáver feito,
Leva piedoso, com sentido aspeito,
Esta nova ao esposo aflito, errante...
Diz-lhe como de ferro penetrante
Me viste, por fiel, cravado o peito,
Lacerado, insepulto e já sujeito
O tronco feio ao corvo altivolante;
Que dum monstro inumano, lhe declara,
A mão cruel me trata desta sorte;
Porém que alívio busque à dor amara,
Lembrando-se que teve uma consorte
Que, por honra da fé que lhe jurara,
À mancha conjugal prefere a morte.
Tenreiro Aranha
(Tenreiro Aranha nasceu no dia 4 de Setembro de 1769. Morreu em 1811.)
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