sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Antônio de Godói

Trovas

Teus olhos da cor da aurora
De uma doçura sem fim...
(Ai! mesmo Nossa Senhora
Não era bonita assim!).

Explana o verso com luxo
Da minha pena em cascata,
Como o esguincho de um repuxo
Numa piscina de prata.

Que minha estrofe em arpejos
Jorre sonora da pena,
Envolta em pompas de beijos
Dos lábios de uma morena.

Teu olhar tendo por cima
Do verso, como um sombreiro,
Procuro engastar na rima
Todo o rubi de uma joalheiro.

Tu me puseste quebranto,
Sem ti não posso passar,
Quero viver como um santo
No nicho do teu olhar.

Cheio de amor e de graça
Vejo-te em tudo o que vejo...
Hei de beber numa taça
O vinho bom de teu beijo.

Eis armada a minha tenda
Onde há de pousar a rima:
Por baixo um metro de renda,
Teus olhos negros por cima.

Longe de ti como sofre
Quem vive do teu olhar...
Fechei minh´alma num cofre,
Mando-te a chave, Guiomar.

Antônio de Godói

(Antônio de Godói nasceu no dia 23 de Setembro de 1873. Morreu em 1905.)

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