Poema do desencontro
Era segunda, imaginei domingo.
Era de noite, imaginei manhã.
Chovia muito e eu imaginava sol.
As pessoas se comprimiam e eu não via nada.
Havia multidão, eu me sentia só.
Você não estava, mas eu a fiz presente.
Você chegava sem saber se estava.
Você falou sem saber o que disse
e disse coisas sem dizer palavras...
Você estava perto sem saber se estava.
E até me beijou sem se sentir beijada
Era segunda, mas imaginei domingo.
Chegou o sol e se fez manhã,
chegou o dia e se fez domingo.
Houve palavras, mas não eram suas.
Houve presença, mas sem ser você.
Houve multidão e agitação profunda...
Então era manhã, mas eu quis a noite.
Fazia sol e eu queria chuva.
Era domingo e desejei segunda.
Ronaldo Cunha Lima
(Ronaldo Cunha Lima nasceu no dia 18 de Março de 1936. Morreu em 2012.)
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