O teu nome
Sobre as praias do mar, na lisa areia,
Em êxtase de amor gravei teu nome:
Bem fundas letras fiz... porém bramando
Uma onda lá vem, outra e mais outra...
Teu nome desaparece!
Gravei-o num cipestre, junto às campas,
Lá no adro da aldeia: o sul rebrame
Pela encosta das serras, e derruba,
Em feros turbilhões, o tronco anoso,
O gigante da morte!
Em duras penhas fui gravá-lo um dia,
Fundo, bem fundo, atravessando as rochas...
Porém toldam-se os céus, fulgura o raio,
Estende-se o trovão e, num momento,
É seixos e penhasco!
Insensato o gravei no sacro templo,
Nos lavrados do altar: julguei que sempre
Ali ficara intacto... da impiedade
A mão cruenta derrubando as naves,
Sumiu-mo nas ruínas.
Gravei-o então na dor, no desespero,
Dentro do coração, nos seios da alma,
Fundo, bem fundo, a trespassar-mos todos...
Ali ficará sempre - ali teu nome
Terá a eternidade.
"Vozes d'Alma", Alexandre Braga
(Alexandre Braga nasceu no dia 14 de Março de 1829. Morreu em 1895.)
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