Mors-amor
Quisera ser o teu caixão, rainha!
Abrir-me, receber-te e, após, fechado,
Guardar numa eça, a glória, linha a linha,
Do teu divino corpo amortalhado.
E em meio à pompa do ritual sagrado,
Eu, tronco vil de condição mesquinha,
Contigo celebrar o meu noivado...
Saber-te minha, inteiramente minha!
Sentir-te! Amar-te sempre! E, face a face,
Que o nosso estranho amor, fria consorte,
Onde tudo termina, principiasse!
E, ó volúpia sem fim! No último abrigo,
Na quieta alcova conjugal da morte,
A pouco e pouco me fundir contigo!
Mansueto Bernardi
(Mansueto Bernardi nasceu no dia 20 de Março de 1888. Morreu em 1966.)
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