Eu planto no teu corpo
Como se arrasta no sol morno um verme 
 Por sobre a polpa de uma fruta, eu durmo 
 A tua carne e sinto o teu contorno 
 Entre os meus braços como um fruto morno. 
 E a minha boca sobre a pele, um verme, 
 Vai percorrendo o teu sorriso, e torno 
 Ao longo do nariz, depois contorno 
 Os teus olhos fechados por querer-me. 
 E desço o teu pescoço, feito um mono, 
 Para os teus seios mornos, como um verme 
 Por sobre os frutos prontos para o tombo. 
 Vertendo a unção da morte nos teus membros, 
 E estremecendo numa cruz de febre, 
 Eu planto no teu corpo a flor de um pombo.
"Armadura do Amor", Marcos Konder Reis
(Marcos Konder Reis nasceu no dia 15 de Dezembro de 1922. Morreu em 2001.)
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