Cravos para São Bento
Como solheira ao relento
A luz da fé popular
Vai a casa de São Bento
Pelo braço do luar.
Das caleiras das quebradas
Desaguam procissões
Com charolas de braçadas
De cravos e de orações.
Quem olha para os carreiros,
Por entre os pinheiros bravos,
Até julga que os pinheiros,
Em vez de pinhas, dão cravos.
São Bento da Porta Aberta,
O povo sabe onde ficas,
Porque para o mal que aperta
És a melhor das boticas.
Quando a virgem madrugada
Ainda sonha com astros
Já a fé bem acordada
Traz os joelhos de rastros.
No meio de tanto cravo
Até o rei dos ateus
Dá cinza morta ao Diabo
E língua de fogo a Deus.
No rio Caldo me lavo
Do pecado poeirento
De tão tarde dar o cravo
Do coração a São Bento.
São Bento da Porta Aberta,
O povo sabe onde ficas,
Porque para o mal que aperta
És a melhor das boticas.
"Cruz de Chumbo e Outros Poemas", Augusto Fera
(Augusto Fera nasceu no dia 29 de Dezembro de 1939. Morreu em 2012.)
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