terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Antônio Joaquim da Rosa

Visão materna

Da lua os frouxos raios se espalham
Na lisa face da lagoa dormente;
E eu fitando o céu, fitando o lago,
Pensava em minha mãe da terra ausente!

Estrelas que sorris do céu sereno
cintillas de ouro na lagoa dormente,
Direi: Qual é a de vós a mãe saudosa,
A minha santa mãe da terra ausente?

Uma de vós - mais bela do que as outras,
Que mais rebrilha na lagoa dormente,
Que parece mais triste... Oh! será ela
A minha santa mãe da terra ausente?!

Oh! céus! que meiga voz que se deslisa
Como um soluço na lagoa dormente?
Será de um anjo a voz que à terra desce,
A voz de minha mãe da terra ausente?!

"Filho! não chores - que em futuro breve
Tu dormirás como a lagoa dormente,
E vindo aos braços meus - em outra esfera - 
Serás com tua mãe da terra ausente!"

Calou-se a débil voz - dolente e meiga
Como um suspiro na lagoa dormente,
E num raio de lua ao céu se alara
A minha santa mãe da terra ausente!

Da lua os frouxos raios se espelhavam
Na lisa face da lagoa dormente;

E eu fitando o céu - fitando o lago
Chorava minha mãe da terra ausente!

Antônio Joaquim da Rosa

(Antônio Joaquim da Rosa, o Barão de Piratininga, nasceu em 1821. Morreu no dia 27 de Dezembro de 1886.)

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