quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Onomástica, toponímia & outros nomes esquisitos 21

                                                                                                                                         Foto Hernâni Von Doellinger

Serviço pago no acto. Há aquele sugestivo aviso à porta dos cafés que cada vez mais se espreguiçam até à rua: "Serviço de esplanada pago no acto". No acto. E ponho-me a imaginar o solícito empregado - de casaco branco, toalhete no braço, bandeja na mão e com a outra a fazer festas ao bolso das calças sebentas e pretas - ali à espera que o casalinho termine...

Troco neto por um cão (pago a diferença). Três rapazes nos arrabaldes dos sessenta anos bem servidos, certamente amigos de longa data, gente bem, meninos da Foz no seu tempo, fazem o costumeiro passeio higiénico matinal na avenida à beira-mar. O da esquerda empurra um carrinho de bebé com uma vaidade que só vista, e é bonita de se ver. Os outros dois vão à rasca até às orelhas, envergonhadíssimos com "a situação", evitam ser reconhecidos por quem passa, como eu, que não os conheço de lado nenhum, mais desconforto era impossível. O da direita puxa o do meio pela manga e diz-lhe, tapando a boca com a mão, como fazem agora os treinadores e jogadores de futebol quando querem falar da mãe de alguém: - Se inda ao menos fosse um cão, um cãozinho! Agora o caralho do neto...

P.S. - Não é metáfora política. É a vida.
 
Só para ter a certeza
- É pá, estás todo empenado. O que é que foi isso?
- Um torcicolo...
- Onde?

Desce, desce, balão desce
- Ó patego, olha o balão! - alguém disse.
- Aonde?, aonde?... - perguntou o patego.  

Redacção (exactamente: cção). A televisão é muito importante. Gosto de ver na televisão as redacções das televisões porque nas redacções das televisões que dão na televisão não há cadeiras partidas. Trabalhei em muitas e variegadas redacções, na rádio e sobretudo na imprensa, mas nunca na redacção de uma televisão.
Nas redacções onde eu trabalhei as cadeiras eram todas mancas e andávamos à pancada por uma que se segurasse mais ou menos. O sobrevivente marcava a sua cadeira para toda a vida, mas quando virava costas já ela estava debaixo do cu do lado. E andávamos outra vez à pancada. Foi por isso que, quando chegou a altura, estávamos sem forças para irmos às ventas dos bandalhos que fazem profissão de destruir redacções e que têm cadeiras da televisão. Feitas de cortiça.
A televisão é muito boa porque dá na televisão. Eu gosto muito da televisão. 

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