quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Fausto Cardoso

O Amor

Eu sou o Amor, o Deus que a terra inteira gaba!
Vivo enlaçando os sóis pelo Universo afora,
Dos ódios expurgando a venenosa baba,
Que os mundos desagrega, espalha e desarvora.

O tempo tudo avilta; a morte tudo acaba;
E o louro sol jamais a murcha flor colora;
Novos mundos, porém, do mundo que desaba
Faço surgir e salto em rutilante aurora!

Caso estrelas no céu e corações na terra;
Da treva arranco luz; do nada arranco vida,
E crivo de vulcões o gelo que a alma encerra!

Mudam-te o peito em mar meus lúbricos desejos,
E tua mente ondeia e fulge colorida,
Como raio de luz entre vergéis de beijos!


Fausto Cardoso

(Fausto Cardoso nasceu no dia 22 de Dezembro de 1864. Morreu em 1906.)

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