Nós somos as belezinhas...
Ano passado, no Carnaval, tive a honra de assistir à passagem de um grupo de foliões vestidos de mocinhas, saia azul, casquete de suspensório, soquetes nos pés e lacinho róseo, amarrando-lhe a cabeça inspirada. Esquecia-me de ajuntar que as bocas tinham os lábios pintados de batom e havia rodas de "rouge", forte como placas de tomates, nas bochechas sorridentes, jiga-joga aperitival, trejeitos alusivos ao sexo imitado. O grupo desfilou saracoteando, balançando quadris, em tão gostosamente cantando, cantando, cantando.
Ano passado, no Carnaval, tive a honra de assistir à passagem de um grupo de foliões vestidos de mocinhas, saia azul, casquete de suspensório, soquetes nos pés e lacinho róseo, amarrando-lhe a cabeça inspirada. Esquecia-me de ajuntar que as bocas tinham os lábios pintados de batom e havia rodas de "rouge", forte como placas de tomates, nas bochechas sorridentes, jiga-joga aperitival, trejeitos alusivos ao sexo imitado. O grupo desfilou saracoteando, balançando quadris, em tão gostosamente cantando, cantando, cantando.
Gosto não se discute. Vamos respeitar esses rapazes maiores de 26 anos que se divertem semelhando exteriormente moças, meninas e mulheres. Deixemos que a pele de ovelha não dê ao lobo o temperamento do animal deliberadamente simulado. Parece que o estribilho da canção entoada pelas bocas besuntadas de vermelhão afirmava, candidamente:
- Nós somos as belezinhas!...
- Nós somos as belezinhas!...
[...]
Luís da Câmara Cascudo
(Luís da Câmara Cascudo nasceu no dia 30 de Dezembro de 1898. Morreu em 1986.)
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