Vem, vem, doce Esperança, único alívio
Desta alma lastimada;
Mostra, na coroa, a flor da amendoeira,
Que ao lavrador previsto
Da Primavera próxima dá novas.
Vem, vem, doce Esperança, tu que animas
Mostra, na coroa, a flor da amendoeira,
Que ao lavrador previsto
Da Primavera próxima dá novas.
Vem, vem, doce Esperança, tu que animas
Na escravidão pesada
O aflito prisioneiro: por ti canta,
Condenado ao trabalho,
Ao som da braga, que nos pés lhe soa,
Por ti veleja o pano da tormenta
O aflito prisioneiro: por ti canta,
Condenado ao trabalho,
Ao som da braga, que nos pés lhe soa,
Por ti veleja o pano da tormenta
O marcante afouto:
No mar largo, ao saudoso passageiro
(Da esposa e dos filhinhos),
Tu lhe pintas a terra pelas nuvens.
Tu consolas no leito o lasso enfermo,
No mar largo, ao saudoso passageiro
(Da esposa e dos filhinhos),
Tu lhe pintas a terra pelas nuvens.
Tu consolas no leito o lasso enfermo,
Com os ares da melhora,
Tu dás vivos clarões ao moribundo,
Nos já vidrados olhos,
Dos horizontes da celeste pátria.
Eu já fui de teus dons também mimoso;
Tu dás vivos clarões ao moribundo,
Nos já vidrados olhos,
Dos horizontes da celeste pátria.
Eu já fui de teus dons também mimoso;
A vida largos anos
Rebatida entre acerbos infortúnios
A sustentei robusta
Com os pomos de teus vergéis viçosos.
Mas agora, que Márcia vive ausente;
Rebatida entre acerbos infortúnios
A sustentei robusta
Com os pomos de teus vergéis viçosos.
Mas agora, que Márcia vive ausente;
Que não me alenta esquiva
Com o brando mimo dum de seus agrados,
Que farei infelice,
Se tu, meiga Esperança, não me acodes?
Ai! que um de seus agrados é mais doce
Com o brando mimo dum de seus agrados,
Que farei infelice,
Se tu, meiga Esperança, não me acodes?
Ai! que um de seus agrados é mais doce
Que o néctar saboroso;
É mais doce que os beijos requintados
Da namorada Vénus,
A que o Grego põe preço tão subido.
Vem, vem, doce Esperança, que eu prometo
É mais doce que os beijos requintados
Da namorada Vénus,
A que o Grego põe preço tão subido.
Vem, vem, doce Esperança, que eu prometo
Ornar os teus altares
Com a viçosa verbena, que te agrada,
Com a linda flor, que agora
Enfeita os troncos, que te são sagrados.
Com a viçosa verbena, que te agrada,
Com a linda flor, que agora
Enfeita os troncos, que te são sagrados.
"Odes", Filinto Elísio
(Filinto Elísio nasceu no dia 23 de Dezembro de 1734. Morreu em 1819.)
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