Um grupo indeterminado de pessoas atacou ontem o balcão da Segurança Social na Loja do Cidadão da Torre das Antas, no Porto. Não foi um assalto. Eram utentes, estavam revoltados com o atendimento naquele serviço e destruíram a pontapé uma divisória em vidro. O Sindicato dos Trabalhadores em Funções
Públicas e Sociais do Norte garante que este não é um caso
isolado e está preocupado com a segurança dos funcionários daqueles
serviços. Na verdade, as ameaças de agressões a trabalhadores com, por exemplo, canadianas e guarda-chuvas são já o pão nosso de cada dia, havendo mesmo situações em que os clientes tentaram saltar o balcão para ajustar contas com os funcionários.
Ontem também, mas em Queluz, uma dezena de pessoas, quase todas idosas, forçou a entrada no centro de saúde, levando o segurança à frente, em protesto contra a falta de médicos de família no concelho.
São os primeiros sinais do que se adivinhava. O povo não aguenta, vai rebentar. Foi previsto aqui, no Tarrenego!, e decerto as mentes dos mentecaptos que nos desgraçam a partir de Lisboa também já lá tinham chegado. Mas isto ainda não é nada. Apenas começou. Vai piorar e muito.
O desemprego, os cortes nos salários e nas reformas, a fome, a doença sem assistência, a falência, o despejo, o desprezo, a desesperança são sementes de ódio e insensatez que este Governo anda por aí a semear como se não fosse nada com ele. Diz apenas, o Governo mandado, que está a acabar um serviço que outros começaram.
Rico serviço. O serviço de nos tornar a todos pobres, para "salvar o País". País que, hoje em dia, quer dizer Eduardo Catroga, Celeste Cardona, Braga de Macedo ou Manuel Frexes, como antes queria dizer Armando Vara ou José Penedos.
O povo não pode mais e vai rebentar na rua, isso é certo. Conviria é que afinasse a pontaria. Porque ontem, no Porto e em Queluz, a ira popular errou no alvo. Porque os funcionários públicos (nas lojas do cidadão, nos centros de saúde, nos hospitais, nas câmaras ou nas juntas de freguesia) não fazem leis - cumprem-nas. Estamos todos no mesmo barco, que se afunda em alto mar. Que não seja um simples balcão a separar-nos. Os funcionários públicos também são vítimas das mesmas políticas paridas da barriga de aluguer que é o Governo Relvas-Passos-Portas e que nos desgraçam a vida. Pior: esta troika de trazer por casa, ao mesmo tempo que nos empobrece a todos, vai cinicamente retirando à Segurança Social os poucos meios de que ela ainda dispunha para nos acudir. É o serviço completo. É a completa filhadaputice.
Às vezes digo-o em tom de brincadeira, mas acho que, mais dia menos dia, vai mesmo acontecer -
ResponderEliminarEstá a chegar o dia em que vou ver alguém matar por causa de um pão com manteiga! Isto está bonito, está. Muito bonito!
Abraço,
P.
Uma merda, caro P., uma merda! Obrigado pela visita e pelo comentário. Grande abraço.
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