Soneto à liberdade
Primeiro tu virás, depois a tarde
 com terras, mares, algas, vento, peixes.
 trarás, no ventre, a marca das idades
 e a inquietude dos pássaros libertos.
 virás para o enorme do silêncio
- flor boiando na órbita das águas -
tu não verás o fúnebre das horas
 nem o canto final do sol poente.
 primeiro tu virás, depois a tarde
 sem desejos e amor. virás sozinha
 como o nome saudade. virás única.
 eu não terei a posse do teu corpo
 nem me batizarei na tua essência,
mas tu virás primeiro e eu morro livre.
Manuel Lopes
(Manuel Lopes nasceu no dia 23 de Dezembro de 1907. Morreu no dia 25 de Janeiro de 2005.)
Sem comentários:
Enviar um comentário