O sapo
Não há jardineiro assim, 
 Não há hortelão melhor 
 Para uma horta ou jardim, 
 Para os tratar com amor. 
 É o guarda das flores belas, 
 da horta mais do pomar; 
 e enquanto brilham estrelas, 
 lá anda ele a rondar... 
 Que faz ele? Anda a caçar 
 os bichos destruidores 
 que adoecem o pomar 
 e fazem tristes as flores. 
 Por isso, ficam zangadas 
 as flores, se se faz mal 
 a quem as traz tão guardadas 
 com o seu cuidado leal. 
 E ele guarda as flores belas, 
 a horta mais o pomar; 
 brilham no céu as estrelas, 
 e ele ronda, a trabalhar... 
 E ao pobre sapo, que é cheio 
 de amor pela terra amiga, 
 dizem-lhe que é feio 
 e há quem o mate e persiga 
 Mas as flores ficam zangadas, 
 choram, e dizem por fim: 
- "Então ele traz-nos guardadas, 
 e depois pagam-lhe assim?" 
E vendo, à noite, passar 
 o sapo cheio de medo, 
 as flores, para o consolar, 
 chamam-lhe lindo, em segredo...  
"Animais Nossos Amigos", Afonso Lopes Vieira
(Afonso Lopes Vieira nasceu no dia 26 de Janeiro de 1878. Morreu em 1946.)
Sem comentários:
Enviar um comentário