Pedra tumular
A minha geração fugiu à guerra, 
 Por isso a paz que traz não tem sentido: 
 É feita de ignorância e de castigo, 
 Tão rígida e tão fria como a pedra. 
 Desfazem-se-lhe as mãos em gestos frágeis, 
 Duma verdade inútil por vazia, 
 E a língua imóvel nega o som à vida, 
 Por hábito ou por falta de coragem. 
 Se há rumores lá de fora, às vezes, lembra: 
 Porque é que pulsa o coração do mundo, 
 Precipitado, angustioso, ardente? 
 Mas depressa submerge na indiferença 
- Que lhe deram um túmulo seguro; 
 E o relógio dá-lhe horas certas, sempre. 
"Mancha Solar", António Manuel Couto Viana
(António Manuel Couto Viana nasceu no dia 24 de Janeiro de 1923. Morreu em 2010.)
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