O Marreco
A linfa do quintal, que o seu perfil retrata,
é o ponto de namoro e banho do Marreco,
onde ostenta melhor a seda do jaleco
e a fita do pescoço, à guiza de gravata.
Ali, não raro, esquece a companheira o meco,
para fazer a corte à encantadora Pata,
a quem com tal carinho e deferência trata
que por todo o arredor o escândalo faz eco.
Ali, como um dom-joão, corrompe as mais ariscas e,
incapaz de temer despeitos e vinganças, vive,
como um sultão, cercado de odaliscas.
E ali conduz as tais que, a passos curtos, tardos,
afrontando o rancor de honestíssimas ganças,
comboiam, sem pudor, mestiços e bastardos.
Pedro Saturnino
(Pedro Saturnino nasceu no dia 29 de Junho de 1883. Morreu em 1953.)
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