sábado, 17 de junho de 2017

Mário Saa

Quadras da minha vida
 
Os ecos nos meus sentidos
Dos meus afectos doentes
São mais longos, mais compridos
Do que rastos de serpentes.
 
Nasci profundo e pegado
A turbilhões de aflição:
Na cara trago estampado
O meu perfil de obsessão.
 
Não creio que possa amar
Nem neste mundo ter jeito
De me encostar a outro leito
Sem desatar a chorar.
 
Enterro os dias e os ais,
Sou uma pilheira de mortos,
Não tenho espaço pra mais!
Que se comam uns aos outros...
 
Mário Saa

(Mário Saa nasceu no dia 18 de Junho de 1893. Morreu em 1971.)

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