sexta-feira, 23 de junho de 2017

Vicentina de Carvalho

Sorvi sequiosa a taça do prazer,
só lhe sentindo o bem que me sabia,
sem a preocupação de conhecer
o mal que ela, esgotada, me traria.

Desprezando o futuro, quis viver
o presente, que alegre me sorria,
sem nunca imaginar e sem prever
quanto custa um momento de alegria.

Logo, porém, o travo da amargura
mudou-me o riso em lágrima dorida,
pois a felicidade não perdura.

Só então percebi, arrependida,
quanto, por um instante de ventura,
hei de ficar pagando toda a vida.

Vicentina de Carvalho

(Vicentina de Carvalho nasceu no dia 24 de Junho de 1890. Morreu em 1954.)

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