Meu anjo inspirador aos lábios nega
Os mimosos sorrisos da ventura,
Densa nuvem a fronte lhe carrega
Da pesada tristura!
Meu anjo inspirador é macilento
Como um raio de luz crepuscular;
Tem um mundo de dor c sentimento
No seu lânguido olhar.
O puríssimo seio não lhe cobre
Um manto rutilante de esplendor,
Mas lhe brilham gentis na face nobre
As pérolas do amor.
Meu anjo inspirador não se espaneja
Aos vívidos clarões do rei do dia,
- Profundo cismador - mas livre adeja
Na escuridão sombria.
Não lhe vibra a voz o raio ardente
Da eloquência que os ânimos seduz;
Com o flébil sopro a viração plangente
Suas falas traduz.
Meu anjo inspirador não se enfeitiça
Dos perfumes das rosas matutinas;
- Ele quer mais à palidez mortiça
Do lírio que declina.
Meu anjo inspirador é grande, imenso,
Como um abismo de amor e de amizade!
Vive no meu coração - profundo, intenso,
E chama-se... Saudade!...
Os mimosos sorrisos da ventura,
Densa nuvem a fronte lhe carrega
Da pesada tristura!
Meu anjo inspirador é macilento
Como um raio de luz crepuscular;
Tem um mundo de dor c sentimento
No seu lânguido olhar.
O puríssimo seio não lhe cobre
Um manto rutilante de esplendor,
Mas lhe brilham gentis na face nobre
As pérolas do amor.
Meu anjo inspirador não se espaneja
Aos vívidos clarões do rei do dia,
- Profundo cismador - mas livre adeja
Na escuridão sombria.
Não lhe vibra a voz o raio ardente
Da eloquência que os ânimos seduz;
Com o flébil sopro a viração plangente
Suas falas traduz.
Meu anjo inspirador não se enfeitiça
Dos perfumes das rosas matutinas;
- Ele quer mais à palidez mortiça
Do lírio que declina.
Meu anjo inspirador é grande, imenso,
Como um abismo de amor e de amizade!
Vive no meu coração - profundo, intenso,
E chama-se... Saudade!...
Alcina Carolina Leite
(Alcina Carolina Leite nasceu no dia 21 de Junho de 1854. Morreu em 1939.)
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