À esposa
Se lá na eterna glória a que voaste
A lembrança do mundo se consente,
Aceita, alma piedosa, a dor pungente
De tudo quanto aqui idolatraste:
O esposo, a filha, os filhos que deixaste,
Em mágoas e saudade permanente,
Vivem na terra vida descontente
Des'que as corpóreas vestes tu largaste.
Ao seio de Deus tornas radiante
De virtude e bondade, qual saíste
Imaculada de nascer no instante.
A nós, queixosos neste vale triste,
Volve-te como foste sempre amante,
Porque entre nós só amargura existe!
Sotero dos Reis
(Sotero dos Reis nasceu no dia 22 de Abril de 1800. Morreu em 1871.)
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