A alma dos vinte anos
A alma dos meus vinte anos noutro dia
Senti volver-me ao peito, e pondo fora
A outra, a enferma, que lá dentro mora,
Ria em meus lábios, em meus olhos ria.
Achava-me ao teu lado então, Luzia,
E da idade que tens na mesma aurora;
A tudo o que já fui tornava agora,
Tudo o que ora não sou me renascia.
Ressenti da paixão primeira e ardente
A febre, ressurgiu-me o amor antigo
Com os seus desvairos e com os seus enganos...
Mas ah! quando te foste novamente
A alma de hoje tornou a ser comigo,
E foi contigo a alma dos meus vinte anos.
"Poesias, 4.ª série", Alberto de Oliveira
(Alberto de Oliveira nasceu no dia 28 de Abril de 1857. Morreu em 1937.)
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