sexta-feira, 30 de junho de 2017

Júlia da Costa

A noite

Brilha o céu, mas em vão soluça e brada
A terra ansiosa, com pueril receio!
É densa a treva; nessa paz calada
Funda tristeza nos oprime o seio!

Tudo fenece, embaixo da orvalhada
Repousa o campo de perfumes cheio!
Negro é o mar, a floresta sossegada,
Dormem as aves da espessura em meio!

Embalde a noite traiçoeira e linda
Enche de encanto os bosques e os atalhos,
E, enquanto de fulgor o espaço alinda,

Seu manto enfeita de gentis orvalhos.
Mentem os ermos na amplidão infinda!
Mentem as flores a tremer nos galhos!

Júlia da Costa

(Júlia da Costa nasceu no dia 1 de Julho de 1844. Morreu em 1911.)

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