Vista ignota
Há um ruído infernal dentro do leito
Do rio. A lontra rosna. A capivara
Espavorida esconde-se no estreito
De um paraná que a enchente ali formara.
O jacaré, levando tudo de eito,
Foge, estrugindo horrivelmente; e, para
Mais aumentar o grande ruído feito,
O rio inteiro se convulsiona...
E, enquanto em medo tudo se alvorota,
Nesta paisagem visualmente ignota
Mas facilmente do índio percebida,
Uma anta firme, calma que arrebata,
Corta o fundo das águas, distraída,
Como se fosse andando pela mata!...
Do rio. A lontra rosna. A capivara
Espavorida esconde-se no estreito
De um paraná que a enchente ali formara.
O jacaré, levando tudo de eito,
Foge, estrugindo horrivelmente; e, para
Mais aumentar o grande ruído feito,
O rio inteiro se convulsiona...
E, enquanto em medo tudo se alvorota,
Nesta paisagem visualmente ignota
Mas facilmente do índio percebida,
Uma anta firme, calma que arrebata,
Corta o fundo das águas, distraída,
Como se fosse andando pela mata!...
"Pelo Solimões", Quintino Cunha
(Quintino Cunha nasceu no dia 24 de Julho de 1875. Morreu em 1943.)
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