sábado, 25 de junho de 2016

O meu Europeu é melhor que o teu 9

Pica, 6 - Fareja, 0
Fafe tem nomes que são um mimo. Uma terra que tem um lugar chamado Pica e uma freguesia chamada Fareja só pode ser uma grande terra. E Fafe é realmente. Em pleno Verão de 2014, em dia de apuramento para a Liga dos Campeões, Pica e Fareja fizeram um jogo-treino, e o resultado, sendo contundente, não significa nada por aí além, a não ser que dá para rir: Pica, 6 - Fareja, 0...
Mas é preciso que se note: para quem é de Fafe, como eu sou, Fareja e Pica são nomes absolutamente normais, que só fazem confusão ao jornalista Nuno Azinheira, que chamou Fajães a Fareja, e a uns caralhos de fora que não conseguem passar pela tabuleta da Pica sem lhe meter a cedilha.


O último terço do terreno
O último terço do terreno é o primeiro terço do terreno, segundo alguns autores. A comunidade científica ainda não chegou a um consenso. Tendo em atenção que o último (ou primeiro) terço do terreno é aquele espaço que vai desde a linha de fundo ou de baliza até à linha imaginária que fica equidistante da linha de grande área e da linha de meio campo, eu sustento, e creio que o consigo provar sem deixar margens para dúvidas, que o terço do terreno dá para os dois lados, como certas e determinadas pessoas, consoante se ataca ou se defende. Advirto, no entanto, que esta é uma opinião meramente pessoal, que não vincula o Tarrenego!, ainda sem posição oficial sobre o assunto. É o meu modesto contributo para um debate que não deve ficar entre linhas.
Por outro lado, o último terço do terreno é aquele que o defundo leva nas mãos para a cova...


Mário Wilson levava a Selecção num guardanapo
Por volta de 1980, Mário Wilson era o seleccionador nacional e também treinador do Vitória de Guimarães, por onde passava pela segunda vez, se não me engano. No Inverno, para poupar o relvado, único, do velho e feio Municipal vimaranense, o Vitória ia às quartas ou quintas-feiras treinar a Fafe, fazendo o chamado jogo-treino com os da casa. Eu trabalhava lá, na Associação Desportiva de Fafe, tratava dos papéis, de alguns inocentes papéis...
Mário Wilson é uma jóia de pessoa e foi um treinador sobretudo afectivo. Gostava de falar com os seus jogadores um a um, como em confissão mas passeando, colocando-lhes o braço paternal por cima dos ombros - vi muitas vezes.
Um dia, numa daquelas quartas ou quintas-feiras, o Senhor Wilson entrou-me no gabinete, que era por baixo das bancadas e por cima dos balneários, cumprimentou-me como se eu fosse alguém e pediu-me se podia usar o telefone para ligar à Federação. Eu teria para aí uns 21 ou 22 anos e dei-lhe autorização, armado em parvo com só naquela idade. Depois de conseguir resposta do lado de lá da linha, o Velho Capitão foi ao bolso do casacão de cabedal, rapou de um guardanapo de papel marcado com beiçadas de verde tinto, estendeu-o em cima da minha secretária, alisou-o o melhor que pôde e começou a ditar para Lisboa o que lá escrevera eventualmente ao almoço. Eram nomes, uma lista, a convocatória para a Selecção Nacional na campanha de apuramento falhado para o Europeu de 1980, em Itália. Exactamente: a Selecção de Portugal estava no guardanapo de Mário Wilson...

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