A carnal tentação desenfreada,
Que ao sangue quente alta justiça pede,
Fez com que eu, embrulhando-me na rede,
Subisse de uma Puta a infame escada.
Ligeiras pulgas saltam de emboscada,
Fartando em mim de sangue humano a sede;
Arde a vela, pregada na parede,
Já de antigos morrões afogueada.
Saiu da alcova a desgrenhada Fúria,
Respirando venal sensualidade,
Vil desalinho, sórdida penúria.
Muito pode a pobreza e a porquidade!
Arriei as bandeiras à luxúria,
Jurei no altar de Vénus castidade.
Nicolau Tolentino
(Nicolau Tolentino nasceu no dia 10 de Setembro de 1740. Morreu em 1811.)
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