Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles que não fazem falta,
Verbi gratia o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade;
Não quero funeral comunidade,
Que engrole subvenites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade;
Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:
"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".
(Bocage nasceu no dia 15 de Setembro de 1765. Morreu em 1805.)
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