Precipitado
tão de alto do pinheiro solitário, balançou-se um instante e ensaiou um
voo oblíquo. A meio caminho volteou, rodopiou, viu as nuvens ao largo, a
terra em baixo e, saracoteando a fralda, desceu em espiral. Poisou em
cima de uma fraga, ligeiro como um tira-olhos.
Mas
novo pé-de-vento atirou com ele para a banda, quase de escantilhão, e a
aleta, tomando-se de imprevisto fôlego, arrebatou-o para mais longe.
Foi cair numa mancheia de terra, removida de fresco pelos roçadores do
mato, e ali permaneceu à espera que pancada de água ou calcanhar de
homem o mergulhasse no solo, dado que um pombo bravo o não avistasse e
engolisse.
"A Casa Grande de Romarigães", Aquilino Ribeiro
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