A cantiga da aboa
Arrincan os dedos da velha co piano
as notas doentes d'un canto lonjano
que lembralhe tempos que mortos já son
Esquencese a probe do seu pelo cano
na sua ilusíón!
Coída que vive ainda os anos da moza,
esquence o presente lembrando o pasado.
Os seus dedos tripan o branco tecrado,
nos seus beizos murchos o canto retoza
de novo lembrado...
Os netos na estancia se foron entrando,
- non viunos a aboa que sigue entoando,
feliz, a cantiga de sons morriñosos -
a ela quendinhol-os nenos, curiosos,
se van achegando.
- Que cantas? Perguntan con voces singelas.
S'ergue ela de súpeto; o espelho de prata
a face esquencida de velha retrata ...
e roda unha bágoa nas suas meijelas.
Jenaro Marinhas del Valle
(Jenaro Marinhas del Valle nasceu no dia 25 de Novembro de 1908. Morreu em 1999.)
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