Tito dedicou-se com sucesso à construção civil em Roma, à guerrilha e à fundação e presidência da antiga Jugoslávia, enfim voltando-se para o futebol no Atlético, onde começou a dar os primeiros toques, em 1962. Esqueceu as obras e fez bem, aquilo está tudo em ruínas, disse adeus às armas e abandonou a política. Deixou a Tapadinha e apostou a sério na bola: mudou-se para o União de Tomar e depois, por quinhentos contos, dinheiro a sério, para o Vitória da Guimarães. É daí que o conheço.
Na década de setenta do século passado, Tito fez sete épocas na Cidade-Berço e marcou 82 golos. Era, e não sei se ainda é, o melhor marcador de sempre do Vitória na primeira divisão. Fisicamente falando, Tito pode ser visto como um monovolumezinho, baixote, entroncado da cabeça aos pés, uma espécie de Müller que os antigos percebem, uma espécie de Miccoli que os menos antigos sabem, e aos mais novos não sei o que lhes diga, a não ser que olhem para o Bruno César que anda agora pelo Penafiel. Mas em bom!
Tito, na área, era imperial. Fino. Franco-atirador. Até de cabeça. E de fora da área também. Mas não de cabeça. Como muitos craques de hoje em dia, Tito gostava de treinar livres e remates espontâneos atirados propositada e directamente à barra. E tinha uma elevada taxa de acerto. O extraordinário é que, mais difícil ainda, gostava de fazer o número também de costas para a baliza ou de olhos fechados. E acertava. Palavra de honra, acertava!
Claro, não havia YouTube. Conto assim tal qual porque eu vi. E de olhos bem abertos.
P.S. - Publicado originalmente no dia 30 de Maio. Por outro lado: Josip Broz Tito, mais conhecido como Marechal Tito, guerrilheiro e estadista, proclamou a constituição da República Socialista Federativa da Jugoslávia no dia 29 de Novembro de 1945.
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