São cada vez mais os portugueses que procuram a sobrevivência no fundo
de um contentor do lixo. Sei, porque às vezes ando na rua. Aqui atrasado, de
Matosinhos até à Foz, no Porto, passei por nove pontos de contentores de
lixo: em seis deles estavam pessoas à cata dos nossos melhores restos.
Não eram "drogados", nem "alcoólicos", nem "arrumadores" fora das horas
de expediente - se querem saber. Eram pessoas como nós, certamente com
mais azar na vida do que nós. Vi, por exemplo: uma família inteira, que
podia ser a minha família; uma senhora arranjada e digna, puxando um
carrinho de compras que ia compondo com critério, e podia ser a minha
mãe; um cavalheiro com o velho orgulho alquebrado, que me olhou com
olhos de pedir desculpa por necessitar, e quase posso jurar que ele era
eu.
É. Portugal prepara-se para enfrentar a pandemia e a crise, mas de lado. Com StayAway e de máscara, os portugueses que afocinhem. Que façam pela vida! E depois que morram como lhes compete, porque isto é um povo que só dá despesa...
sábado, 17 de outubro de 2020
Isto é um povo que só dá despesa
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