O cemitério encheu-se, parecia que o Funchal viera despedir-se maciçamente de Raquel Paços Villa, de Raquel Vaz de Lacerda, estavam as famílias de um lado e de outro, os primos próximos e distantes, os criados, os vizinhos e os conhecidos, os colegas de Marcos, os cónegos do cabido da Sé, as freiras dos colégios onde eram educadas as meninas da família, e os curiosos, os inúmeros curiosos que frequentam funerais e casamentos com a mesma irreprimível e legítima apetência de entretenimento com que frequentam o teatro, a ópera ou os concertos, já que todos fazem parte da vida em sociedade, e nas ilhas, mais do que noutro local, as pessoas alimentam-se umas das outras até aos limites da saciedade e da decência.
"O Último Cais", Helena Marques
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