quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Celso Pinheiro

Mater

A minha mãe, uma velhinha doce,
De olhar de mel e beijos de torcazes,
A minha mãe, coitada! talvez fosse
A dindinha dos cravos e lilases!...

No seu ventre bendito Ela me trouxe
Nove meses... E um dia, sob audazes
Raios de sol primaveril, notou-se
Que surgira um bebê de olhos vivazes...

Era eu! era um poeta extravagante,
Que nascera sem festas nem alardes,
Quando o dia era um límpido diamante...

A minha mãe... matou-a o mês de Agosto!
E é por Ela que eu vou todas as tardes
Rezar na capelinha do Sol-posto!...


Celso Pinheiro

(Celso Pinheiro nasceu no dia 24 de Novembro de 1887. Morreu em 1950.)

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