terça-feira, 29 de novembro de 2016

As dez maiores tangas da História de Portugal

1. O milagre de Ourique. E Deus apareceu a D. Afonso Henriques, o bate-na-mãe, e disse-lhe ao ouvido, no meio daquela confusão deveras desagradável da Batalha de Ourique: "In hoc signo vinces". Que quer dizer: "Com este sinal vencerás", mas tinha de ser em latim, porque naquele tempo era assim que o Senhor falava, até ordem em contrário do Concílio Vaticano II. Deus, que era obviamente por nós, os bons, garantiu ao nosso primeiro rei a vitória sobre os exércitos de cinco-reis-mouros-cinco e prometeu-lhe que Portugal seria eterno. E assim foi e será, até ver...
O chamado milagre de Ourique faz parte de uma curiosa lista de petas da História portuguesa, factos, figuras ou ideias que toda a gente acha que aconteceram ou existiram, mas que afinal não passam de aldrabices, ou que então, vendo melhor, não foram bem assim como se conta. A maioria destas mentiras era (é?) ensinada nos bancos das escolas.
Com a ajuda de um conceituado naipe de especialistas, fiz para a revista de sábado do jornal 24horas uma espécie de ranking dos "10 maiores mitos da História de Portugal". Foi em Março de 2007.
A propósito de Ourique, o professor catedrático e historiador Fernando de Sousa não podia ter sido mais categórico: "Está provado que a Batalha de Ourique é uma fraude e o "milagre" é apócrifo", isto é, foi colado à História mais tarde.
Por seu lado, Joel Cleto, arqueólogo, historiador e actual comunicador televisivo no Porto Canal, considerava a Batalha de Ourique (em 25 de Julho de 1137) como "um episódio histórico fulcral na formação da nacionalidade", se bem que realmente "enriquecido", já no século XIV, com a invenção do "milagre". "Trata-se evidentemente de um mito, criado numa época de alguma incerteza quanto ao futuro do País (por causa, por exemplo, das guerras de D. Fernando contra Castela ou da crise de 1383-1385) e que, por contraponto, vinha justificar não só a independência do reino de Portugal, mas também que a sua existência era inevitável face aos desígnios e vontade divinos", explicava então.

 (Mais sobre Afonso Henriques, num registo completamente diferente, aqui)

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