Em busca
Ponho os olhos em mim, como se olhasse um estranho,
Ponho os olhos em mim, como se olhasse um estranho,
E choro de me ver tão outro, tão mudado...
Sem desvendar a causa, o íntimo cuidado
Que sofro de meu mal - o mal de que provenho.
Já não sou aquele Eu do tempo que é passado,
Pastor das ilusões perdi o meu rebanho,
Não sei do meu amor, saúde não na tenho,
E a vida sem saúde é um sofrer dobrado.
A minha alma rasgou-ma o trágico Desgosto
Nas silvas do abandono, à hora do sol-posto,
Quando o Azul começa a diluir-se em astros...
E à beira dum caminho, até lá muito longe,
Como um mendigo só, como um sombrio monge,
Anda o meu coração em busca dos seus rastros...
"Fel", José Duro
(José Duro morreu no dia 18 de Janeiro de 1899. Tinha 23 anos.)
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