Perfis decadentes
Através dos vitrais
ia a luz a espreguiçar-se
em listas faiscantes,
sob as sedas orientais
de cores luxuriantes!
Sons ritmados dolentes,
num sensualismo intenso,
vibram misticismos decadentes
por entre nuvens de incenso.
Longos, esguios, estáticos,
entre as ondas vermelhas do cetim,
dois corpos esculpidos em marfim
soergueram-se nostálgicos,
sonâmbulos e enigmáticos...
Os seus perfis esfingicos,
e cálidos
estremeceram
na ânsia duma beleza pressentida,
dolorosamente pálidos!
Fitaram-se as bocas sensuais!
Os corpos subtilizados,
femininos,
entre mil cintilações
irreais,
enlaçaram-se
nos braços longos e finos!
femininos,
entre mil cintilações
irreais,
enlaçaram-se
nos braços longos e finos!
E morderam-se as bocas abrasadas,
em contorções de fúria, ensanguentadas!
em contorções de fúria, ensanguentadas!
Foi um beijo doloroso,
a estrebuchar agonias,
nevrótico, ansioso,
em estranhas epilepsias!
Sedas esgarçadas,
dispersão de sons,
arco-íris de rendas
irisando tons...
E ficou no ar
a vibrar,
a estertorar,
encandescido,
um grito dolorido...
Judith Teixeira
(Judith Teixeira nasceu no dia 25 de Janeiro de 1880. Morreu em 1959.)
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