O Tatu está de volta. Perguntar-me-ão: mas qual Tatu?, e eu poderia dar
uma certa e determinada resposta, rimada e bem conhecida aí por uns
tantos, porém, pessoa educada que sou, digo simplesmente: o Tatu da
"Ilha da Fantasia", que a RTP Memória em boa hora, dezanove em ponto,
resolveu pôr a arejar. O Tatu (Tattoo) era o francês Hervé Villechaize,
um excelente anão mas fracativo actor. Ainda assim, gosto mais de o ver
trabalhar do que, por exemplo, ao ultrafamoso Tyrion Lannister (Peter
Dinklage) da "Guerra dos Tronos", essa tão aclamada série de culto que a
mim não me assiste. Exactamente. Se andavam à procura do gajo que, a
nível mundial, nunca viu um episódio da "Guerra dos Tronos", spoilers tampouco, podem mandar suspender as buscas - c'est moi.
Anões e o mundo do espectáculo - assunto menor? Não creio. Falo primeiro
por mim, que, perguntado ainda na escola primária acerca das minhas
perspectivas de futuro, respondi que quando fosse grande queria ser anão
para ir para o circo. E antes de mim já havia o Peter Pan e depois de
mim saiu da cartola aquela improvável linha média - Adelino Teixeira,
Alves, Vítor Martins e Octávio - com que mestre José Maria Pedroto calou
Wembley-o-Velho e empatou a arrogante Inglaterra, no nosso mítico ano
de 1974. Parece que ainda os estou a ouver, em Dolby 4-4-2, subindo em
passinhos curtos a estrada dos tijolos amarelos: The house began to pitch. The kitchen took a slitch. It landed on the Wicked Witch in the middle of a ditch, Which was not a healthy situation for the Wicked Witch.
Dos pequenos, sim, reza a História. Coloquemos pois os anões em cima da mesa, porque merecem. Se me pedissem uma shortlist dos mais famosos, sendo que a fama se mede em televisão e cinema, eu escolheria:
Talvez a Thumbelina (Debbie Lee Carrington), de "Desafio Total". Talvez o
Mini Me (Verne Troyer), de "Austin Powers: O Espião Irresistível".
Talvez o múltiplo Oompas
Loompas (Deep Roy)", em "A Fantástica Fábrica de Chocolate". Talvez o
duende Marcus (Tony Cox), em "Um Pai Natal para Esquecer". Talvez o
professor Filius Flitwick (Warwick Davis), na saga "Harry Potter".
Talvez o Mickey Abbott (Danny Woodburn), na série "Seinfeld". Talvez o
"Arnold" Gary Coleman. Talvez o R2-D2 (Kenny Baker), da "Guerra das
Estrelas". Talvez o Wee-Man (Jason Acuña), do "Jackass" da MTV. Talvez o
munchkin Karl Slover, do "Feiticeiro de Oz".
Talvez James Cagney, Mickey Rooney, Edward G. Robinson ou o apalpador
Dustin Hoffman. Evidentemente poderia juntar à lista o Danny DeVito e o
Tom Cruise, mas estes, peço desculpa, dizem-me muito pouco. Talvez...
Ou talvez o fogoso Nelson Ned, que era de outras artes e me dava cabo da cabeça aos domingos à tarde,
nos castigadores altifalantes dos Comandos, da Amadora a Santa
Margarida. Ou talvez o anão do Multibanco. Ou talvez, porque não?, o Sr. José Nogueira,
de Fafe, que, em meados do século passado, esteve quase a ir para
Lisboa e ser famoso. Ou ainda talvez, puxando ao sentimento, as minhas
duas queridas avós, a Bó de Basto e a Bó da Bomba, pequerrichas também,
ou o senhor Flórido Engraxador ou o César da Recta ou o senhor Clemente
que fazia pipas e escadas para as vindimas e decilitrava aguardente como
um alambique. Talvez...
Mas que fique registado que o meu anão favorito é uma anã. Chama-se
Cadence Roth, Cady para os amigos, e chegou a ser a mulher mais pequena
do mundo, se tivesse de facto existido. Conheci-a num livro, "Talvez a
Lua", de Armistead Maupin. Procurem o livro. Descubram a Cady.
P.S. - Publicado originalmente no dia 4 de Dezembro de 2017, então sob o título "De volta ao Tatu". Edward G. Robinson, aliás Emmanuel Goldenberg, nascido Emanuel Goldenberg, morreu no dia 26 de Janeiro de 1973. Como actor, foi o primeiro grande gangster de Hollywood, notabilizando-se com sucesso em papéis de homens rudes, num registo de interpretação que depois seria seguido por James Cagney e Humphrey Bogart.
terça-feira, 26 de janeiro de 2021
Gangster mais gangster não há
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