[Vereis que o poema  cresce independente]
Vereis que o poema  cresce independente
e tirânico. Ó irmãos, banhistas, brisas,
algas e  peixes lívidos sem dentes,
veleiros mortos, coisas imprecisas,
 coisas neutras de aspecto suficiente
a evocar afogados, Lúcias, Isas,
 Celidônias... Parai sombras e gentes!
Que este poema é poema sem balizas.
Mas que venham de vós perplexidades
entre as noites e os dias, entre  as vagas
e as pedras, entre o sonho e a verdade, entre...
Qualquer  poema é talvez essas metades:
essas indecisões das coisas vagas
que  isso tudo lhe nutre sangue e ventre.
"Livro de Sonetos", Jorge de Lima
(Jorge de Lima nasceu no dia 23 de Abril de 1893. Morreu em 1953.)
Sem comentários:
Enviar um comentário