sexta-feira, 17 de abril de 2020

Entre o coçamos e o coça-mos

É erro comum e de palmatória: escrever entrega-mos, devolve-mos, envia-mos ou compra-mos, quando na verdade se quer dizer entregamos, devolvemos, enviamos ou compramos. Erro comum porque o vejo por aí todos os dias, ainda hoje, e de palmatória porque é grave. "(Nós) entregamos", primeira pessoa do plural do presente do indicativo da forma regular do verbo entregar, não é o mesmo que "(tu) entrega-mos (a mim)", segunda pessoa do singular do imperativo do verbo entregar conjugado pronominalmente, ocorrendo neste caso a contracção de dois pronomes - "me" + "os", resultando em "mos".
As duas flexões coexistem, mas, apesar de próximas na grafia, não se equivalem. Por outro lado, distinguem-se claramente pela pronúncia, até porque, regra geral, nestes casos a sílaba tónica é diferente.
O problema é que as pessoas não sabem escrever sobretudo porque não sabem ler. Se soubessem ler, então também saberiam que, por exemplo, dizer ou escrever chupamos, lambemos, mordemos, arregaçamos, aquecemos, coçamos ou agarramos, vá lá, é uma coisa; outra bem diferente será dizer ou escrever chupa-mos, lambe-mos, morde-mos, arregaça-mos, aquece-mos, coça-mos ou agarra-mos, vá lá...

P.S. - Publicado originalmente no dia 2 de Março de 2016, sob o titulo "Quando o hífen é um erro mas alegra a vida".

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