Canto da lavadeira do rio
Bate roupa, bate sol
bate fome, bate peitos
bate carne descarnada
na pedra, no coarador.
Precisa anil para a roupa
do patrão ficar branquinha
tinindo na estearina.
Bate vida, a vida toda
bate a morte, a juventude
fica no rio, na pedra
se esgarça na correnteza
a pureza de menina
o sonho simples (de pobre)
os meninos espiando
ela só não vendo nada.
Precisa roupas, fiapos
um fiapinho de nada
pra chegar no céu enxuta.
Álvaro Pacheco
(Álvaro Pacheco nasceu no dia 26 de Novembro de 1933)
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