segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Aos bons velhos tempos 3

Foto Hernâni Von Doellinger

Fundada em 1894 e desde sempre instalada na Foz, a Oporto British School (Instituto Cultural Britânico do Porto) é uma das escolas britânicas maiores e mais antigas localizadas fora das Ilhas e os seus primeiros alunos foram somente rapazes e súbditos de Sua Majestade. Apenas em 1931 foram admitidas raparigas.
As actuais estruturas físicas desta instituição privada, salas de aulas e de serviços construídas de raiz para este fim, foram inauguradas pela então primeira-ministra Margaret Thatcher aquando da sua visita ao Porto, em 1984. Sinais de outros tempos, que são os nossos, a escola conta actualmente com cerca de 230 rapazes e raparigas, com idades entre os quatro e os dezasseis anos, maioritariamente portugueses, e só a seguir vêm os britânicos. A entrada de Portugal na CEE (União Europeia) e o sucesso do Porto como centro industrial e de negócios multicontinental trouxeram à escola muitos europeus comunitários e americanos. No momento, são quinze as nacionalidades ali representadas.
O Hospital dos Ingleses perdeu-se no tempo, restando apenas o velho edifício, hoje em dia habitado por uma família portuguesa. Mas o conjunto da igreja e do cemitério mantém-se como refúgio espiritual e última morada de uma comunidade praticante do ecumenismo mas que, no entanto, se assume como maioritariamente católica.
Segundo registos compilados por J. Delaforce, britânico radicado no Porto e estudioso das memórias da colónia, a hoje chamada British Church of St. James, no Largo da Maternidade de Júlio Dinis, começou a ser construída no dia 19 de Junho de 1815, em cima da Batalha de Waterloo, e foi consagrada no dia 20 de Agosto de 1843, quando o primeiro bispo de Gibraltar visitou o Porto.
Pragmáticos, os britânicos, depois de resolvidos com Deus, descem às coisas dos homens, abrem uma filial do Bank of London & South America - o Banco Inglês -, em 1863, mas já antes, tratando de consolidar o comércio do vinho do Porto, que iniciaram, ergueram a sua feitoria em pleno centro da Praça comercial da cidade, num caminho paciente e assertivo, em busca de privilégios a adquirir com o tempo.

P.S. - Terceira parte de um trabalho que escrevi para a edição de Junho de 1992 da revista Grande Reportagem, então dirigida por Miguel Sousa Tavares. Lembrei-me dele a propósito de uma recente reportagem do jornalista David Mandim no DN Life. 

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