Foto Hernâni Von Doellinger |
Mas para quem fica os tempos são realmente outros: mais abertos, flexíveis quanto baste. Os novos ingleses entraram na vida dos portuenses e os portuenses conseguiram salvo-conduto para aceder às impenetráveis fortalezas britânicas de antigamente. Os estilos de vida acomodaram-se, as instituições desmistificaram-se. Mantêm-se, of course, os rituais e os sports no clube, as festas na Feitoria, as recepções de Junho no Consulado, pelo aniversário da Rainha, e a emoção dos momentos de glória vividos nas raras visitas da realeza das Ilhas. Isabel II esteve no Porto em 1957 e voltou, por consoladoras quatro horas, em 1985. E o herdeiro, príncipe Carlos, deslocou-se à Invicta em 1987, para inglês ver mas agora também para português ver.
Perdido o império do vinho - hoje com lucros vindimados meio por meio com os portugueses -, serão apenas vinte e cinco as famílias súbditas de Sua Majestade a manterem-se no negócio que mais fortemente ligou os ingleses ao Porto, num total aproximado de quatrocentas famílias e cerca de mil e duzentos cidadãos.
Resta a memória de néon na noite do Douro gaiense em nomes de marca... inglesa. E dos bons velhos tempos, para a História e para a cidade do Porto, perduram as obras, as instituições as lembranças e a tradição. E, em exclusivo para o portuense de calção, chinelo e bronzeador - a Praia, na Foz, baptizada dos Ingleses.
Que longe vai o tão acercado ano de 1895, em que o de referencíssima The Lavadores Review - The Only Organ of English Opinion in Lavadores publicava os resultados do críquete e contava as últimas das society and miscellany news.
P.S. - Sétima e última parte de um trabalho que escrevi para a edição de Junho de 1992 da revista Grande Reportagem, então dirigida por Miguel Sousa Tavares. Lembrei-me dele a propósito de uma recente reportagem do jornalista David Mandim no DN Life.
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