Palavras, nem sempre as leva o vento
Manda o costume devolver o insulto
com outro insulto igual, senão melhor.
Não procedais assim, que é baixo e estulto.
Temeis o mal? Pois evitai o pior.
Cada palavra que dizeis de vulto,
como o som de um violino anda em redor,
depois de vos revoar no ser oculto,
por onde a ressonância a fez maior.
O violino, porém, não se recorda
do som que um dia lhe vibrou na corda,
e o vosso coração fica a fremir;
e, às vezes, a palavra, além, se esquece,
enquanto em vosso peito permanece,
como pedra que a um lago foi cair.
Amadeu Amaral
(Amadeu Amaral nasceu no dia 6 de Novembro de 1875. Morreu em 1929.)
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