sábado, 26 de agosto de 2017

Orlando Martins Teixeira

Azul

Chapéu azul, vestido azul de azul bordado,
Azuis o pára-sol e as luvas, senhorita,
Como um lótus azul por um deus animado,
Passa toda de azul, por mil bocas bendita.

Há um bálsamo azul nesse azul que palpita,
Misticismos de um mundo há muito em vão sonhado,
Azul que a alma da gente a idolatrá-la incita,
Azul claro, azul suave, azul de céu lavado.

Deixa na rua um rastro azul que cega e prende,
Não sei quê de anormal, de fantasma ou de duende
Que prende os pés ao solo e ao mundo os olhos cerra;

Vendo-a, não se vê mais nada que o azul, tonteia...
Como num sonho azul, logo nos vem à ideia
Um pedaço de céu azul passeando a terra.

Orlando Martins Teixeira

(Orlando Martins Teixeira nasceu no dia 27 de Agosto de 1875. Morreu em 1902.)

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