quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Francisco Gaspar

A pedido

Pediram-me um soneto rendilhado, 
Feito de luz e sombra, e de perfumes;
Que o verso fosse terso, etéreo, alado,
E que brilhasse como vagalumes;

Que eu fizesse um sonetos aprimorado,
Sem provocar dos novos negros ciúmes;
Que fosse sóbrio como um namorado
Que não tivesse amor e vãos queixumes.

Fiz os primeiros versos num instante,
Todos serzidos de berilo e rosas,
Com laços de oiro e gemas do Levante.

Mas ao passar para o último terceto,
Achando as rimas fúteis, desgraciosas,
Rasguei sem terminar o meu soneto.


"Calvário do Sonho", Francisco Gaspar

(Francisco Gaspar nasceu no dia 20 de Outubro de 1869. Morreu em 1921.)

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