quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Américo Facó

Sextina da véspera 

Um pensamento parte
Confluente da tarde,
- Banho de ouro em que a Rosa
Abre um ventre divino
À cadência amorosa
Do tempo e do destino.

Um só - tempo e destino,
Ambos em toda a parte:
Noite inquieta, amorosa
Manhã, morosa tarde...
Tempo - sono divino!
Destino - sonho... Rosa!

Sonho da tarde - Rosa!
Não lhe diz o destino
O que o tempo, divino,
Esquece em toda a parte;
Só lhe murmura a tarde
A delícia amorosa...

Vibra a luz amorosa,
Anima, aviva a Rosa,
- Excelência da tarde,
Surpresa do destino,
Em que ventura é parte
Sem o tempo - divino.

Tarde - rubor divino!
A luz tomba amorosa,
Toda se dá, se parte,
Esplendor cor-de-rosa...
Idéia do destino
Em que se perde a tarde!
Urge, refulge a tarde,
Que acende o céu divino
Entre o tempo e o destino...
A cadência amorosa
Da luz inflama a Rosa,
- Rosa de toda a parte! 

"Poesia Perdida", Américo Facó

(Américo Facó nasceu no dia 21 de Outubro de 1885. Morreu em 1953.)

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