Poveiro
Poveirinhos! meus velhos pescadores!
Na água quisera com vocês morar:
Trazer o lindo gorro de três cores,
Mestre da lancha Deixem-nos passar!
Far-me-ia outro, que os vossos interiores
De há tantos tempos devem já estar
Calafetados pelo breu das dores,
Como esses pongos em que andais no mar!
Ó meu Pai, não ser eu dos poveirinhos!
Não seres tu, para eu o ser, poveiro,
Mailo irmão do "Senhor de Matosinhos"!
No alto mar, às trovoadas, entre gritos,
Prometermos, Si o barco fori intieiro,
Nossa bela à Sinhora dos Aflitos!
"Só", António Nobre
(António Nobre nasceu no dia 16 de Agosto de 1867. Morreu em 1900.)
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